O jornalista Carlos Castilho, coordenador do “Observatório da Imprensa”, considera que a decisão de não publicar uma notícia, amparada na preocupação de causar pânico, precisa de ser estudada caso a caso, contexto por contexto, já que a ausência de informação pode levar pessoas a contaminarem-se por puro desconhecimento das medidas de prevenção. Mas publicar tudo o que chega ao conhecimento do repórter ou do editor pode ser, igualmente, fatal, visto que o comum dos mortais tem reduzida capacidade de identificar uma notícia falsa.


Segundo Castilho, a questão torna-se ainda mais complexa graças às redes sociais, nas quais circulam notícias de todos os tipos, que acabam por ser reproduzidas pela imprensa “convencional”. Nesses casos, a decisão final depende de factores como nível de conhecimento, equilíbrio emocional, experiência profissional e visão social da informação, do repórter ou editor encarregado de publicar a notícia.


As redes sociais não serão, então, recomendáveis como fonte de notícias no caso de dados, factos ou eventos pontuais, salvo quando a fonte for, reconhecidamente, confiável.  O Facebook, o Twitter, o YouTube, o WhatsApp, o Tik Tok e Instagram podem ser, contudo, muito úteis para detectar tendências, antecipando possíveis movimentos.


Castilho reitera, então, que mais do que no exercício rotineiro do jornalismo, a preocupação com a objectividade é fundamental na cobertura da epidemia do coronavírus. Isso porque todos os dados, factos e eventos divulgados serão, inevitavelmente, utilizados na tomada de decisões, tanto por parte do público em geral como dos cientistas e governantes. Erros e omissões podem ter consequências letais.


A actividade profissional dos jornalistas passou, , mais do que nunca, a depender da sensibilidade social e discernimento político como fatores determinantes na tomada de decisões editoriais.