O que aconteceu e o que ficou para mudar no jornalismo brasileiro

Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado. Batista admitiu que “foram muitos os factos nacionais e internacionais que mereceram a atenção do público e a cobertura jornalística” no presente ano, destacando-se as eleições presidenciais brasileiras, a invasão russa da Ucrânia e as vagas de Covid-19 e de varíola dos macacos. No entanto, a colaboradora da ObjETHOS alertou que, apesar da importância de cobrir temas como os mencionados, o sector jornalístico deveria focar-se, também, em “corrigir os olhares e as narrativas viciadas no futuro”, especialmente com a entrada de um novo governo. Ao recordar o governo de Jair Bolsonaro, Batista sublinhou a ligeireza com que foram tratados sectores importantes como a Educação, dando o exemplo da “precarização e da fragilidade da situação dos pesquisadores de pós-graduação de todo o país”. Estes conviveram com um atraso no pagamento das bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Adicionalmente, também a área da Cultura teve problemas, verificando-se “a redução do Ministério da Cultura (MinC) a uma secretaria especial (…), a troca de cinco chefes de pasta, que terminou liderada pelo “bolsonarista” Mário Frias, e os constantes bloqueios e cortes orçamentais”. Apesar disto, a autora do texto destacou que a Cultura resistiu, mantendo projectos e criando novos espaços que, infelizmente, não receberam a cobertura merecida. Batista argumentou, assim, que faltou ao sector jornalístico cobrir temas importantes como estes, que destacam as conquistas actuais do Brasil, ao invés de apenas focar-se nos grandes tópicos que ocuparam a grande parte dos jornais.