RSF denunciam “jogo viciado” de Putin ao perseguir jornalistas

O texto de apresentação faz o “resumo do jogo” informando que nunca como agora Putin entregou tantos “cartões vermelhos” aos media russos.
“O Kremlin controla os principais grandes meios de comunicação. As cadeias de televisão federais, primeira fonte de informação dos cidadãos russos, foram retomadas desde que Putin se tornou o seleccionador”.
Sendo assim, o jogo "está desequilibrado". A jogarem à defesa, muitos proprietários de Imprensa acabam por vender os seus títulos a investidores próximos do poder.
“Se há títulos independentes que continuam a manter um jornalismo de grande qualidade e multiplicam as investigações sem concessão, a sua audiência não se compara à dos grandes media controlados pelo Estado. E desde que um deles se aproxima do objectivo, é brutalmente mandado de volta ao banco: exclusão das redes de satélite e de cabo, e chefes de redacção despedidos.” (...)
Tudo é usado para “viciar os jogos”, incluindo a mudança das regras. Multiplicam-se leis liberticidas, de redacção vaga, que permite uma aplicação selectiva e arbitrária. Quanto à Internet, está sempre apanhada “fora de jogo”: sites bloqueados sem decisão judicial, controlo dos autores de blogs, censura dos motores de busca e agregadores de informação, interdição das VPN (redes privadas virtuais).
“Esforçando-se por bloquear a aplicação de mensagens encriptadas Telegram, apesar de imensos danos colaterais, Moscovo faz a sua entrada num clube que foi, por muito tempo, reservado a países como a China ou o Irão. Cada vez mais internautas vão presos por causa dos seus comentários nas redes sociais, ou até por um simples like”.
Em resumo, Vladimir Putin usa “tácticas cada vez mais ofensivas”. Nunca tantos jornalistas ou autores de blogs tinham sido presos, desde 1991 [data da dissolução da URSS]. Mas os que fazem aos jornalistas “placagens” por detrás nunca levam “cartões vermelhos”: desde violência policial até assassínios, a impunidade é a regra.
“Pelo menos 34 jornalistas já foram mortos, na Rússia, desde 2000, por causa do seu trabalho de informação. Na grande maioria dos casos, os inquéritos não dão em nada e os mandantes nunca chegam a ser identificados.”
Os sete jogadores desta equipa são: Alexander Sokolov, jornalista de investigação do grupo independente RBC, conhecido pelas suas reportagens sobre corrupção a grande escala; Igor Rudnikov, fundador e chefe de redacção do principal jornal independente da região de Kaliningrad, Novye Kolesa; Zhalaudi Geriev, colaborador do site Kavkazsky Ouzel, na Chechénia; Alexander Tolmachev, chefe de redacção de duas publicações da região de Rostov, Oupolnomotchen Zaïavit’ e Pro Rostov; Alexei Kungurov, autor de blogs em Tioumen, na Sibéria Ocidental; Alexei Nazimov, chefe de redacção do jornal de oposição Tvoïa Gazeta, em Alouchta, na Crimeia; e Alexander Valov, chefe de redacção da plataforma BlogSotchi, na região com o mesmo nome.
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