Quando a imprensa tradicional depende de rituais e hábitos de leitura
Em plena era digital, os jornais impressos continuam a ter uma audiência considerável, com alguns leitores a preferirem os “media” tradicionais, em detrimento do jornalismo multiplataforma.
Este tema tem sido, nos últimos anos, alvo de discussão académica, com os especialistas a avaliarem as razões por detrás da sobrevivência do “velho mercado”, e focando-se, sobretudo, na qualidade informativa.
Contudo, um estudo recente, publicado no New Media & Society -- com base em entrevistas a 488 consumidores de notícias da Argentina, Finlândia, Israel, Japão e Estados Unidos -- concluiu que a leitura dos jornais impressos se prende, sobretudo, com tradições familiares, cultura nacional e, ainda, com “a persistência de tendências patriarcais que condicionam a selecção mediática”
Além disso, existem outros rituais, alheios ao consumo de notícias, que motivam a compra de edições impressas.
Aliás, os autores começam um relatório com uma rábula sobre dois consumidores, um argentino e um finlandês, que compram jornais com propósitos de confecção de alimentos e aquecimento.
“Apesar dos 13 mil quilómetros que os separam, existem traços comuns entre José e Antero: a aquisição de jornais está ligada a práticas não noticiosas, que são importantes para actores, apesar de ignoradas pela academia. Estes rituais são essenciais para explicar a sobrevivência da imprensa tradicional”.
Há, ainda, que ter em conta os rituais realizados em determinados espaços. “As pessoas visitam os cafés e lêem os jornais que lá encontram como parte da experiência”, explicaram os autores.
Abril 21
“Da mesma forma, alguns jovens lêem os jornais que encontram em casa da família, quando vão visitá-la”.
Ainda assim, os consumidores mais velhos são aqueles com os rituais mais definidos, caracterizados pelo contacto e leitura dos jornais.
O estudo conclui, assim, que o consumo de “media” tradicionais prende-se, sobretudo, com rituais e tradições, em detrimento das questões de inovação na imprensa.
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