Pregadores religiosos como agentes de “fake news”

"Um líder religioso encontra-se numa posição de poder. A palavra que estas figuras partilham é tomada como verdadeira”, afirmou Nicolás Iglesias Schneider, coordenador do GEMRIP, uma organização centrada no papel público da fé e da religião. "As afirmações destas figuras são inquestionáveis [para os crentes], porque [para eles], tratam-se da palavra de Deus”.
Schneider considera, ainda, que, em contexto de pandemia, os líderes religiosos tendem a tornar-se mais relevantes, já que os fiéis estão numa situação delicada, privados de contacto com outras pessoas. Assim, estes indivíduos ficam mais susceptíveis a uma radicalização.
Além disso, os “media” de orientação cristã, têm contribuído para a difusão de “teorias da conspiração” e de doutrinas anti-vacinação.
A título de exemplo, a CBN Latino,que conta com mais de 94 mil seguidores no Facebook, serve de fórum para opiniões cépticas sobre saúde, alterações climáticas ou evolução.
Já o “site” Bibliatodo publicou, por sua vez, uma história sobre uma tempestade de granizo na China, onde o gelo tinha supostamente a forma do coronavírus. Embora não haja provas de que a fotografia do granizo seja falsa, o artigo cita o “site” “Israel Breaking News”, que “faz a ponte” entre a tempestade de granizo e o fim dos tempos, citando um rabino que afirma que a tempestade foi uma intervenção divina.
Assim, tornou-se urgente combater a desinformação no interior das comunidades religiosas, melhorando o nível de literacia mediática dos seus membros.
Mas, nem tudo são más notícias. Nestes círculos religiosos, as mensagens são partilhadas de forma rápida e eficaz. Desta forma, uma simples acção contra as “fake news” poderia fazer a diferença em inúmeras zonas da América Latina.
Leia o artigo original em “Nieman Lab”