Se, na essência, hoje, os imperativos jornalísticos são os mesmos, na prática, aquilo com que os profissionais actualmente se defrontam, é um ambiente recheado de condicionamentos dramáticos. 


As empresas que se dedicam à Comunicação Social, de uma forma geral, sofrem constrangimentos vários, o menos importante dos quais não é certamente a dimensão de um mercado cada vez mais exíguo e empobrecido. O enfraquecimento dessas empresas arrasta situações de inconstância accionista, atrai investidores dissociados do meio e gera bolsas de precariedade cada vez mais amplas. 

A digitalização abalou todo o sistema como uma faca quente a cortar manteiga, vulnerabilizando-o no confronto com a voracidade do mercado. As exigências estrangulantes e as pressões várias dos sectores sociais, económicos e políticos perante a incapacidade reguladora do Estado fizeram (ou fazem) o resto. O velho modelo, imprevidente na percepção de que o futuro chega todas as manhãs, desabou, incapaz de se renovar perante o imediatismo transportado nas asas da tecnologia.

Sou dos que confiam na infinita capacidade humana de se reinventar.

Nessa perspectiva, acreditar na percepção de que o Jornalismo que aposta na seriedade e luta pela verdade é uma ferramenta essencial numa sociedade democrática e que a credibilidade tem um valor real, significativo e diferenciador no mercado, deveria ser inspirador para investidores, empresários e profissionais. 

A aposta na investigação, a potenciação da arma que a curiosidade como instrumento de trabalho representa, a coragem de arrostar quaisquer interesses, por mais poderosos ou subterrâneos que sejam, continuam, hoje como ontem, a assumir-se como determinantes para o exercício da missão de informar, com honestidade, com frontalidade e com transparência.

Só tem medo do Jornalismo quem tem algo a ocultar.

Só receia um Jornalista quem tem medo da verdade.

Precarizar o Jornalismo é uma maneira de enfraquecer a democracia.