Pandemia reforçou a descredibilização mediática e científica
A pandemia veio reforçar as campanhas de descredibilização dos “media” e da comunidade científica que foram implementadas, nos últimos anos, em países como a Hungria e o Brasil, denunciaram as investigadoras Graziela Ares, Leda Maria Caira Gitahy e Gabriela Villen num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Conforme indicaram as autoras, com a chegada do coronavírus, alguns líderes mundiais conseguiram utilizar as directrizes das autoridades de saúde para seu próprio benefício, punindo a disseminação de “informações falsas” sobre a pandemia, e aproveitando a vulnerabilidade dos cidadãos para impor novas narrativas e medidas restritivas.
No caso da Hungria, o primeiro-ministro, Viktor Orbán, reconheceu, em Março, a gravidade da pandemia e adoptou medidas drásticas. De acordo com as articulistas, através da “imagem de um governo soberano e eficiente”, Orbán decretou um rígido controlo de circulação e do funcionamento das empresas.
Com isto, Orbán reforçou a centralização do seu próprio poder, o que resultou, igualmente, no acentuar do controlo das narrativas, do ataque à liberdade de imprensa e da falta de transparência governamental que tem vindo a ser exercida desde 2010.
Tudo isto foi alicerçado por uma ideologia conservadora de “Deus, Pátria, Família”, marcado pelo “fundamentalismo religioso caucasiano-cristão”, afirmam as investigadoras.
Segundo apontaram as autoras, o mesmo aconteceu no Brasil, onde o Presidente, Jair Bolsonaro, tem vindo a partilhar narrativas associadas ao combate da “doutrinação comunista” e à “corrupção”.
Tal como se verificou na Hungria, todo este processo foi intensificado durante a pandemia, altura em que o negacionismo científico começou a circular nas redes sociais.
Setembro 21
Além disso, notaram as investigadoras, o governo de Bolsonaro lançou várias campanhas de “marketing”, descredibilizando as análises dos “media” e da comunidade científica, e focando-se no “número de recuperações da doença”.
As autoras ressalvam, da mesma forma, que tudo isto foi reforçado por um “ecossistema de desinformação”, que tem vindo a contribuir para a polarização da sociedade, e para ridicularização de diversas instituições nacionais e internacionais.
Conforme alertaram as investigadoras, chegou-se, agora, à conclusão de que este tipo de manipulação, baseada em sentimentos de medo e ansiedade, “fragiliza as pessoas e leva-as a acreditar em curas mágicas e teorias da conspiração, ou a encontrarem apoio no fundamentalismo religioso”.
Ainda assim, muitos destes mecanismos ideológicos estão ainda por ser analisados, e continuam a minar a relação de confiança entre os cidadãos, a ciência e os “media”.
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