O risco de o jornalista ser manipulado pelas fontes…
A autora descreve outras situações, como aquelas que, sendo já graves, “são às vezes exageradas pelo mercado para atender a interesses de especuladores”:
“Durante as crises do México, da Ásia e da Rússia, no final dos anos 90, quando as economias dos países estavam mais frágeis, era comum surgirem notícias divulgadas por alguma fonte do mercado alertando para risco de quebra das contas públicas. Nesses momentos, a tensão aumentava e, claramente, era possível ver quem ganhava ou perdia nesse jogo. Se a especulação afectasse apenas os investidores, a situação era menos grave. O pior era quando, com a credibilidade atingida, um governo era forçado a reagir.” (...)
“Mas não é apenas o mercado o gerador de confusão. Outras vezes, são os próprios governos que tratam de especular, através de uma fonte em off, que passa a informação para o repórter apenas para testar como tal medida será aceita pela sociedade. Se der errado, o desmentido vem logo em seguida, recaindo a culpa sobre o jornalista que bancou a informação.” (...)
Consuelo Dieguez cita ainda outros casos “para ilustrar o quanto, no jornalismo económico, o repórter tem que estar atento aos jogos de interesse por trás da notícia. Temos que ficar de olho para evitar que mercados, governos, políticos, empresários e outros infindáveis grupos sociais façam de nós peças chaves de suas estratégias”. (...)
A sua recomendação final, falando pelo lado dos jornalistas, é que “é nossa função nos proteger, e aos nossos leitores, desse jogo que não nos diz respeito”:
“Isso só será possível com uma [verificação] minuciosa. Checar com outras fontes antes de publicar uma informação, fazer a reportagem no local e não transferir para terceiros o trabalho de investigação, que é intrínseco à nossa profissão, é a única maneira de se fazer bom jornalismo. O resto é declaração.”
O artigo aqui citado, na íntegra em RedÉtica.