O jornalismo como espelho da complexidade social contemporânea
O actual fluxo noticioso está a obrigar os jornalistas a adoptarem uma conduta transcultural, através da qual recolhem dados de diversas outras áreas de conhecimento, e de outros países, para produzirem peças de maior qualidade, que vão ao encontro da complexidade social contemporânea.
Se, por um lado, o jornalismo transcultural se faz acompanhar de uma grande diversidade de novas temáticas e pontos de vista, por outro lado, esta nova linha editorial vem apresentar novos desafios aos profissionais dos “media”.
Segundo indicou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa” -- associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- isto acontece porque todos os jornalistas têm a sua própria herança cultural.
Ou seja, todos os profissionais estão condicionados, ideologicamente, pela herança cultural das suas famílias, pelo lugar onde nasceram, pela sua educação e pelas experiências vividas no local de trabalho.
De acordo com Castilho, “estes resíduos hereditários, alguns deles inconscientes”, afectam “a forma pela qual produzimos notícias, reportagens e entrevistas”, já que “todos estamos sujeitos a este tipo de condicionamento, que pode interferir no produto final”.
Assim, Castilho ressalva que a preocupação transcultural no trabalho jornalístico exige autocrítica permanente, especialmente dos profissionais envolvidos em situações muito influenciadas por factores culturais, como protestos étnicos, manifestações raciais e de género, guerras entre nações, entre outros.
Setembro 21
"Estamos sempre condicionados a ter mais ou menos simpatias por algum grupo quando cobrimos um confronto entre pessoas, porque sabemos que a objectividade e imparcialidade absolutas não existem. Temos que tentar reduzi-las o máximo possível”, alerta o autor.
Os correspondentes internacionais são particularmente susceptíveis a este tipo de influência, afirma Castilho, porque chegam a um país estrangeiro com a bagagem cultural do seu país de origem. Além disso, estes profissionais estão condicionados pela agenda noticiosa das agências de notícias e dos grandes jornais internacionais que, inevitavelmente, têm as suas preferências, e acabam por deparar-se com uma realidade desconhecida e muitas vezes complexa.
Tudo isto, somado à urgência de enviar informações para a sua a redacção, acaba por resultar em reportagens tendenciosas, que reforçam as distorções informativas.
Perante este cenário, Castilho pede a todos os jornalistas que adoptem a preocupação transcultural como uma prioridade. Desta forma, os profissionais deverão conseguir escrever sobre uma variedade de temáticas de forma mais objectiva, mantendo o jornalismo relevante na era da internet e das redes sociais.
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