No comunicado oficial da Playboy Enterprises, hoje dirigida pelo seu filho Cooper Hefner, recorda-se “o papel disruptivo de Hugh Hefner, que representava uma publicação que defendia ideias politicamente liberais e sexo recreativo, numa época de forte repressão aos costumes”: 

“O meu pai viveu uma vida excepcional e impactante. Defendeu alguns dos movimentos sociais e culturais mais importantes do nosso tempo, na defesa da liberdade de expressão, dos direitos civis e da liberdade sexual”, lê-se no documento. 

“Hefner adoptou uma abordagem progressiva não só para sexualidade e humor, mas também para a literatura, política e cultura”, destaca a publicação. 

Segundo The New York Times, “Hefner foi injuriado, primeiro pelos guardiões da ordem social dos anos 50  - com J. Edgar Hoover [do FBI] entre eles -  e mais tarde pelas feministas. Mas a circulação da Playboy atingiu um milhão de exemplares em 1960 e chegou aos sete milhões nos anos 70.” 

“Muito antes de outras publicações terem feito com que a página central com a “Playmate” nua parecesse mais adocicada do que ousada, a Playboy continuou a ser a revista para homens mais bem sucedida do mundo. A empresa de Hefner estendeu-se para o cinema, televisão por cabo e produções digitais, promoveu a sua própria linha de vestuário e jóias e abriu clubes, estâncias turísticas e casinos.” 

“A marca esmoreceu ao longo dos anos e, em 2015, a circulação da revista tinha caído para cerca de 800 mil exemplares. (...) O director executivo, Scott Flanders, reconheceu que a Internet tinha tomado o território da revista: ‘Estamos hoje apenas a um click de distância de qualquer acto sexual imaginável, e de graça. Portanto, tornou-se ‘fora de moda’ nesta conjuntura’.” (...) 

“Hefner começou a combater o puritanismo americano numa época em que os médicos recusavam os contraceptivos a mulheres solteiras e o código de produção de Hollywood ditava camas separadas [mesmo] para casados.” (...) 

Recorde-se que a Playboy deu também lugar a entrevistas sérias, com personagens como Jimmy Carter (com a sua famosa confissão: “Cometi adultério muitas vezes no meu coração”), Bertrand Russell, Jean-Paul Sartre e Malcolm X, e mais tarde, outre outros, Vladimir Nabokov, Kurt Vonnegut, Saul Bellow, Bernard Malamud, James Baldwin, John Updike e Joyce Carol Oates. 

 

Mais informação no Público (de onde colhemos a imagem, da Agência Reuters) e em The New York Times