Manifestação em Macau contra orientações censórias nos “media”

Após estes protestos, a TDM emitiu uma nota, referindo que “respeita o exercício dos direitos legítimos, mas reitera que presta o serviço público de radiodifusão televisiva e sonora, como órgão de comunicação social da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), assumindo a responsabilidade social que lhe cabe, com a implementação da liberdade de imprensa consagrada na Lei Básica".
Recorde-se que, no início de Março, os jornalistas de língua portuguesa e inglesa da TDM foram informados, numa reunião com a direcção daquele operador, de que não deveriam divulgar opiniões contrárias às políticas da China.
Naquela reunião, a direcção de informação da TDM especificou, igualmente, que os jornalistas deveriam “promover o patriotismo, o respeito e o amor à pátria e a Macau”, ressalvando que aquele operador “é um órgão de divulgação da informação do Governo Central da República Popular da China e de Macau”.
As orientações foram criticadas, nos dias seguintes, pela Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) e o Sindicato de Jornalistas de Portugal, assim como pela Associação de Jornalistas de Macau.
Alguns jornalistas portugueses radicados em Macau mostraram-se, igualmente, preocupados com esta decisão, denunciando a imposição de “mordaças”, bem como a “apatia e o silêncio nos meios de comunicação social e do público em geral”.
Entretanto, perante esta ameaça de censura, os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciaram que irão passar a incluir Macau na sua lista de monitorização, que analisa a liberdade de imprensa em 180 países.
Na classificação da liberdade de imprensa, estabelecida anualmente pelos RSF, figurava apenas Hong Kong, que chegou a ser considerado um bastião da liberdade de imprensa, mas caiu do 18.º lugar, em 2002, para 80.º em 2020, enquanto a China continental está em 177.º lugar.
O responsável dos RSF na Ásia acrescentou que a TDM pode converter-se num “órgão de propaganda” da China, devido à “censura da direcção”.
Em comunicado, os Repórteres Sem Fronteiras condenaram, igualmente, “a interferência editorial da direção das emissoras públicas de Hong Kong e Macau”, considerando que a sua independência estava “ameaçada pela censura da administração”.