Jornalistas italianos vigiados pela Procuradoria da Sicília
Pelo menos sete jornalistas italianos foram alvo de escutas, na sequência da cobertura da crise de refugiados na zona da Sicília.
De acordo com o jornal “Domani”, a Procuradoria da Sicília interceptou dezenas de conversas entre jornalistas e cidadãos que prestavam auxílio humanitário a migrantes no Mediterrâneo.
Esta entidade acabou por acusar as equipas de resgate de migrantes de cumplicidade com tráfico humano.
“Entre os repórteres que foram alvo de escutas estão alguns profissionais que arriscaram a vida para expor a tragédia no Mediterrâneo, ou a tortura dos migrantes”, referiu a jornalista Andrea Palladino em entrevista ao “Guardian”.
Uma dessas jornalistas é Nancy Porsia, descrita pelas autoridades como uma profissional “freelancer” especializada nos conflitos da Líbia.
Segundo noticiou o jornal “Domani”, o telemóvel daquela profissional esteve sob escuta durante vários dias, o que permitiu à Procuradoria recolher dados pessoais sobre as fontes da jornalista e acompanhar as suas movimentações.
Alguns representantes legais e “watchdogs” dos “media” consideram que este foi o ataque mais grave, dos últimos anos, contra a liberdade de imprensa em Itália.
A advogada dos “media” Andrea Di Pietro referiu que, em Itália, não é ilegal vigiar os jornalistas, caso estes sejam suspeitos de actividade criminal, “mas neste cenário, os profissionais não parecem estar sob investigação pela Procuradoria”.
Abril 21
“De acordo com a lei italiana, as escutas de conversas ou comunicações, realizadas em âmbito de sigilo profissional, não podem ser utilizadas”, referiu, ainda, Di Pietro.
Segundo indicam relatórios dos Repórteres sem Fronteiras (RSF), a violência contra jornalistas tem vindo a aumentar em Itália.
Actualmente, cerca de vinte jornalistas italianos beneficiam de protecção policial permanente, devido a ameaças ou tentativas de homicídio.
Itália encontra-se em 41º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras (RSF), que avalia um total de 180 países.
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