Jornalismo digital como oportunidade para os “media” cazaques
Nos últimos anos, alguns “bloggers” e jornalistas cazaques começaram a utilizar as redes sociais, plataformas de mensagens instantâneas e o YouTube, para informar os cidadãos sobre os principais acontecimentos nacionais, e contradizer a narrativa dos “media” pró-governamentais, noticiou o “site” “Foreign Policy”. Com isto, os profissionais independentes estão a lutar contra as restrições impostas ao longo dos últimos vinte anos.
Segundo recordou o “Foreign Policy”, nos primeiros anos após a independência do Cazaquistão face à União Soviética, os “media” usufruíram de alguma liberdade, e qualquer empresa podia obter uma licença de emissão, em troca do pagamento de um valor simbólico.
Contudo, com o passar do tempo, o governo foi implementando medidas restritivas à actividade da imprensa, incluindo o aumento preço das licenças de emissão, o apoio aos “media” pró-governo e auditorias arbitrárias a empresas jornalísticas. Além disso, desde 2017, os “media” têm que pedir autorização prévia para revelarem informações pessoais e financeiras.
Ainda assim, na última década, a internet e o aparecimento das redes sociais vieram facilitar o lançamento de projectos independentes, que visam informar a juventude cazaque de forma inovadora e fidedigna.
É esse o caso da iniciativa de Dmitry Dubovitsky, que conta com mais de 292 mil subscritores no YouTube, e que partilha vídeos de análise das acções governamentais, além de produzir conteúdos sobre saúde mental e outras questões sociais.
“Se o senso comum é considerado oposição do Cazaquistão, então eu sou um membro da oposição”, disse Dubovitsky, em entrevista para o “Foreign Policy”. “Mas eu não sou nenhum activista ou político. Apenas reajo aos eventos nacionais. Os cidadãos têm muitas questões sobre as autoridades, e nós tentamos esclarecê-las”.Estes temas são, particularmente, atractivos para as camadas mais jovens do Cazaquistão, que constituem, aliás, a maioria da audiência destes canais noticiosos alternativos. Assim, estas iniciativas têm conseguido disseminar informação de forma rápida, e criar uma nova consciencialização sobre o panorama nacional.
Julho 21
Segundo apontou o “Foreign Policy”, surpreendentemente, estas iniciativas não têm sido alvo de repressão governamental, o que pode ser justificado com alguns factores.
Em primeiro lugar, o presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, que assumiu funções em 2019, diz ser um reformista, que quer afastar-se de medidas autoritárias e repressivas.
Além disso, o governo parece estar ciente do descontentamento generalizado, pelo que poderá estar a permitir o funcionamento destes novos serviços noticiosos para “aliviar alguma pressão”.
Ainda assim, a presidência de Kassym-Jomart Tokayev não está isenta de delitos contra a liberdade de imprensa, já que as autoridades continuam a perseguir a deter jornalistas, o que significa que os canais independentes poderão acabar em breve.
Até lá, a internet continua a ser um ambiente flexível e menos regulado, que permite sonhar com um futuro mais aprazível para a imprensa nacional.
O Cazaquistão encontra-se em 155º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras, entre 180 países.
Os vídeos de animação e grafismo digital parecem ter efeitos benéficos na apreensão da informação noticiosa por parte do público. Quem o diz é Mike Beaudet, repórter de investigação e...
A empresa de inteligência artificial (IA) Perplexity começou a partilhar as receitas da publicidade com as organizações de media suas parceiras, noticia a Press Gazette. O anúncio de que esta...
O verdadeiro negócio das redes sociais não são os serviços de envio e recepção de mensagens, partilha de informações e participação em fóruns que as plataformas disponibilizam aos seus...
Embora se definam apenas como plataformas tecnológicas, as redes sociais influenciam as opiniões pessoais. Os especialistas em comunicação, como Rasmus Kleis Nielsen, autor do artigo News as a...
De acordo com Carlos Castilho, do Observatório de Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém uma parceria, o jornalismo enfrenta, actualmente, dois grandes desafios, nomeadamente,...
Num texto publicado no media-tics, o jornalista Miguel Ormaetxea, reflectiu acerca da receita de publicidade digital dos media, que, em grande parte, fica nas mãos de grandes empresas de tecnologia,...
Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado.
Batista...
O Journalism Competition and Preservation Act (JCPA), um projecto de lei que pretendia “fornecer um 'porto seguro' por tempo limitado para algumas organizações de notícias negociarem...
Algumas organizações criaram um novo guia, Dimensions of Difference, para ajudar os jornalistas a entender os seus preconceitos e a cobrir melhor as diferentes comunidades. Este projecto baseia-se...