Jornalismo digital ao alcance de profissionais empreendedores

O mesmo texto reconhece estas atitudes numa variedade de experiências em curso, citando de passagem o diário britânico The Guardian, o pioneiro francês Mediapart e outros casos, desde a Suécia até à Espanha. Mas adverte que “as start-ups podem falhar de modo dramático, se não atingem o seu objectivo”:
“Mesmo quando os modelos alternativos se afastam da empresa publicadora tradicional, isso não garante que o sucesso, ou a sustentabilidade, estejam ao virar da esquina.”
“O desafio é sobrevivermos como jornalistas profissionais, mantendo-nos credíveis e estando abertos e capazes de continuar a produzir um jornalismo de qualidade.”
A expressão “jornalismo de qualidade” é também o ponto forte de outro documento, divulgado poucos dias antes deste, pelo Comité de Ministros do Conselho da Europa. Trata-se, neste caso, de uma Declaração em 12 pontos, sobre a “sustentabilidade financeira de um jornalismo de qualidade na era digital”. (...)
O ponto segundo cita o Artigo 10º da Convenção para a Protecção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais [dos Tratados europeus], afirmando que o direito à liberdade de expressão e de Imprensa é “um requisito prévio a um ambiente favorável ao jornalismo de qualidade, que serve uma importante função democrática”:
“O jornalismo de qualidade proporciona ao público uma gama de informação diversa, credível, interessante e atempada, e contraria a propaganda e a desinformação que proliferam, em especial, nas redes sociais.” (...)
O ponto terceiro afirma que um jornalismo fiel a estes princípios “deve ser reconhecido como um bem público”. Os pontos seguintes descrevem as várias formas de disrupção do jornalismo tradicional trazidas pela revolução digital, chegando por esta via à questão da sustentabilidade.
O ponto oitavo reconhece que, “nesta era de crescente cepticismo a respeito das instituições democráticas, os media ficam vulneráveis a serem rotulados de partidarismo, ou fake, mesmo quando estão empenhados em padrões elevados de jornalismo”.
Nas conclusões do texto, o Comité de Ministros alerta os Estados membros para a importância de promoverem - por meio de medidas regulatórias que defendam a operação de todos os media, dos tradicionais aos modelos inovativos - “a sustentabilidade financeira, a longo prazo, de um jornalismo de qualidade produzido de acordo com os padrões editoriais e éticos da profissão, estabelecendo ao mesmo tempo garantias efectivas de que esse modelo não vai constranger a independência editorial e operacional dos media”. (...)
Segue-se uma série de recomendações concretas, nas áreas do regime fiscal, do apoio ao jornalismo local e não-lucrativo, e de medidas de desenvolvimento com várias fontes de financiamento possíveis, incluindo parcerias público-privadas.
Outras recomendações visam a relação com as grandes plataformas, pelas crescentes responsabilidades que assumiram na evolução recente dos modelos de sustento das empresas de comunicação social.
Os últimos parágrafos sublinham “a importância de providenciar a todos um acesso efectivo a conteúdos jornalísticos de qualidade, independentemente dos seus níveis de vida económica ou quaisquer outras barreiras”, bem como a correspondente necessidade de literacia mediática.
Mais informação na Federação Europeia de Jornalistas. O relatório Digital Journalism & New Business Models.
A Declaração do Comité de Ministros do Conselho da Europa.