Imprensa espanhola em dificuldades na concorrência com a oferta do digital
A crise dos “media” tem afectado as publicações em papel, que estão a registar um decréscimo significativo nas receitas de publicidade e no volume da circulação, indicou Analía Plaza num artigo para o jornal digital “Eldiario.es”.
De acordo com Plaza, em Espanha, a falta de sustentabilidade destes títulos prende-se, sobretudo, com a dificuldade em atrair anunciantes, numa altura em que os grandes “players” digitais conquistam a maioria dos investimentos publicitários.
Além disso, segundo apontou a autora, as revistas espanholas estão atrasadas no processo de digitalização, o que tem resultado na dispensa de muitos colaboradores e, em alguns casos, no encerramento dos títulos.
Conforme recordou Plaza, o volume de negócios das principais editoras espanholas diminuiu 53% desde 2007. Além disso, se, antes, uma revista cobrava entre 15 mil e 40 mil euros por página de publicidade, hoje, esse valor não chega aos 10 mil.
No caso da editora Hearst, responsável pela publicação de 21 revistas, este cenário irá reflectir-se, em breve, no despedimento colectivo de 97 colaboradores.
“Parece inviável continuarmos a funcionar perante as reduções de pessoal”, afirmou Yolanda Campos, presidente do comité de trabalhadores da Hearst, citada pelo “Eldiario.es”. “Estamos nesta situação porque a empresa não se reinventou. Os padrões de consumo mudaram e agora fala-se de digitalização, mas estamos muito atrasados no processo”.
Já na Condé Nast, por outro lado, o modelo de negócios foi reorientado para a organização de eventos e de formações, em detrimento da qualidade do conteúdo.
Junho 21
“Perceberam que o mercado publicitário tinha sido transformado”, explicou uma fonte anónima ao “Eldiario.es”, familiarizada com o processo. “Deixaram de dar tanta importância ao conteúdo, porque isso custa dinheiro, e passaram a apostar na capitalização da marca através dos eventos”.
Neste sentido, a Condé Nast Espanha planeia, igualmente, traduzir a maioria do conteúdo publicado em inglês, com o objectivo de reduzir, ainda mais, os custos de publicação.
“Antes, cada editor fazia a sua própria revista e tinham total liberdade” , afirmou outra fonte do “Eldiario.es”, que trabalhou vários anos na Condé Nast. “Tudo isto mudou em 2008, quando começaram as sinergias. Um jornalista escreve para todos os títulos do Grupo e a publicidade é partilhada”.
Noutros Grupos de imprensa, a estratégia passa por não oferecer contratos aos colaboradores, e mantê-los em regime “freelance”, ainda que trabalhem na redacção, juntamente com os outros colegas.
Plaza recorda, da mesma forma, que existem, ainda, outros lesados da crise da imprensa: os proprietários dos quiosques e tabacarias, que têm registado prejuízos na venda de jornais e revistas.
Aliás, entre 2010 e 2018 fecharam 6 mil pontos em toda a Espanha, e as previsões para o futuro não são animadoras. Além disso, os quiosques continuam a receber, apenas, uma pequena percentagem do preço de cada exemplar vendido.
Ademais, neste caso em concreto, não há possibilidade de digitalização do negócio.
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