Ferramentas de “spyware” de jornalistas contratadas por regimes políticos autoritários
Cerca de 180 jornalistas foram seleccionados como potenciais alvos de vigilância governamental, pela empresa israelita de “spyware” NSO Group, revelou a publicação britânica “The Guardian”.
Entre os profissionais potencialmente vigiados encontra-se o marroquino Omar Radi que foi, recentemente, condenado a seis anos de prisão, sob acusações de “violência sexual” e de “espionagem”.
Na lista consultada pelo “Guardian” constava, igualmente, o nome de Cecílio Pineda Brito, um jornalista que foi assassinado um mês após os seus dados pessoais terem entrado para os registos do NSO Group.
Conforme apontou o “Guardian”, a empresa israelita estará, também , a vigiar colaboradores de empresas jornalísticas proeminentes, como o “Wall Street Journal”, a CNN, “New York Times”, a “Al Jazeera”, “Radio Free Europe”, Associated Press, Agence France-Press, “The Economist”, Reuters e “Voice of America”.
De acordo com o NSO Group, a vigilância é requisitada por governos de países como o Arábia Saudita, Azerbaijão, Bahrain, Hungria, Índia, Cazaquistão, México, Marrocos e Ruanda, a pretexto de “evitar casos de terrorismo e violência”.
A Amnistia Internacional conseguiu, entretanto, apurar que pelo menos 15 dos 180 jornalistas visados tinham, de facto, sido espiados pela empresa, através do “spyware” Pegasus, que permite aceder a dados telefónicos.
Entre os jornalistas confirmados estão os profissionais indianos Siddharth Varadarajan e Paranjoy Guha Thakurta.
De acordo com o “Guardian”, Thakurta foi “hackeado” em 2018, enquanto trabalhava numa investigação sobre a utilização das redes sociais pelo governo indiano, que tinha como objectivo disseminar desinformação nacionalista.
“Senti-me violado”, disse, por sua vez, Varadarajan. “Ninguém deveria ter de lidar com isto, mas em particular os profissionais dos ‘media’ e aqueles que de alguma forma estão a trabalhar para o interesse público".
Outro dos alvos confirmados foi a jornalista azeri Khadija Ismayilova, que passou os últimos anos a investigar casos de corrupção no Azerbaijão.
Julho 21
“Sinto-me culpada porque algumas fontes enviaram-me informações sem saberem que o meu telemóvel estava a ser vigiado”, afirmou Ismayilova. “Os meus familiares também são vítimas, assim como os meus colegas de profissão. Não sou a única”.
Além disso, Ismayilova diz estar “zangada” com aqueles que “desenvolveram ferramentas de vigilância” e que estabelecem contratos com regimes autoritários.
Perante este cenário, Carlos Martínez de la Serna, coordenador do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), alertou para a crescente popularidade da utilização de ferramentas de “spyware”, com o objectivo de atacar jornalistas.
“ Espiar jornalistas tem um efeito arrepiante. Os nossos dispositivos electrónicos são essenciais para a actividade jornalística, e estas ferramentas expõem as nossas fontes, os nossos materias”, disse, citado pelo “Guardian”.
“Ainda não temos protecção suficiente contra estas acções governamentais”, concluiu Martínez, ressalvando a urgência da implementação de novos regulamentos nas empresas de “spyware”, como forma de limitar ataques à liberdade de imprensa.
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