… e está a mudar o “cartão de visita” nos Media

O autor cita vários exemplos da História, lembrando que “a arte renascentista não só suavizou a imagem da Igreja Católica como transformou a Itália num dos maiores captadores de recursos turísticos e económicos do mundo”.
“O ballet russo é o cartão de visitas mais utilizado por diplomatas daquele país em missão comercial mundo afora, seduzindo o mundo não com canhões ou sanções, mas com sapatilhas e arte.”
Mais adiante, afirma:
“O Brasil, apesar de não ter o poder da língua inglesa, o poder tecnológico japonês nem bélico russo, é um dos países que mais acumularam poder suave nas últimas décadas. Mas quase tudo está sendo dilacerado diariamente pelo poder duro (hard power) que se instalou em Brasília neste ano.”
Franthiesco Ballerini recorda que o Carnaval brasileiro “é um de nossos mais eficientes poderes suaves, o que mais ajudou a alimentar a imagem de país aberto e amigo. Mais do que isso, o Carnaval é exibido em dezenas de países, traz turistas do mundo inteiro e muito dinheiro para a economia”.
O autor cita então duas intervenções públicas do Presidente Jair Bolsonaro, pelas redes sociais, em plena época do Carnaval, “não para exaltar a festa” mas, no primeiro caso, “para compartilhar um vídeo no qual um rapaz tira a roupa e faz gestos obscenos num bloco de rua de São Paulo”; e, no segundo, para dizer que o Brasil não deve se tornar um “paraíso do turismo gay”.
Critica também outras formas de “caça às bruxas” na política cultural agora no poder, citando a demissão de Mário Vilalva, presidente da APEX - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, como “apenas a ponta do iceberg do controlo ideológico que o governo quer ter numa agência que precisa de liberdade, racionalidade e faro de negócios para trabalhar com venda e promoção de produtos culturais brasileiros mundo afora”. (...)
Fala ainda de outros “poderes suaves” do Brasil, como a bissa nova e as telenovelas, concluindo:
“Mas a TV Globo, hoje, é claramente de oposição ao governo. Enquanto isso, o Presidente não esconde a preferência pela TV Record. Resta saber se Bolsonaro vai tentar boicotar as exportações de telenovelas da TV Globo e dar uma ajudinha ao bispo para exportar tramas como A Terra Prometida, Jezabel e Caminhos do Coração. Mas o empurrãozinho do poder duro nem sempre é o suficiente para produtos culturais ganharem poder suave. Criatividade e liberdade precisam estar neste pacote.”
O artigo aqui citado, na íntegra no Observatório da Imprensa.