Recorde-se que, no início de Março, os jornalistas de língua portuguesa e inglesa da TDM foram informados, numa reunião com a direcção daquele operador, de que não deveriam divulgar opiniões contrárias às políticas da China.


Naquela reunião, a direcção de informação da TDM especificou, igualmente, que os jornalistas deveriam “promover o patriotismo, o respeito e o amor à pátria e a Macau”, ressalvando que aquele operador “é um órgão de divulgação da informação do Governo Central da República Popular da China e de Macau”.


As orientações foram criticadas, nos dias seguintes, pela Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) e pelo Sindicato de Jornalistas de Portugal, assim como pela Associação de Jornalistas de Macau.


Alguns jornalistas portugueses radicados em Macau mostraram-se, igualmente, preocupados com esta decisão, denunciando a imposição de “mordaças”, bem como a “apatia e o silêncio nos meios de comunicação social e do público em geral”.


Mais tarde, no dia 23 de Março, o chefe do Governo de Macau, Ho Iat Seng, negou que o território estivesse a impor restrições à liberdade de imprensa e afirmou acreditar que os “media” são patrióticos e amam a região administrativa especial chinesa.


A liberdade de imprensa em Macau foi, entretanto, discutida pelos deputados portugueses, em sede de comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, na sequência de uma carta de 150 jornalistas,.


A comissão, afirmou o deputado Sérgio Sousa Pinto no final do debate, demonstrou um “entendimento bastante generalizado” de que “os compromissos assumidos com Portugal, que já levam 20 anos, têm sido cumpridos com boa-fé pela parte chinesa”.


Assim, a Assembleia da República não deverá intervir.


“O parlamento não tem de tomar posição sobre todos os temas. O parlamento discute os temas, e foi isso que hoje aconteceu; foi uma discussão aberta, aberta inclusivamente à comunicação social, e livre sobre a situação, alegadamente, vivida em Macau”, referiu.