Já para Carlos Magno, jornalista e antigo presidente da ERC, é importante discutir a desinformação, mas "não se pode legislar o digital com pensamento analógico, porque tem regras e características próprias".


O jornalista criticou, ainda, a unanimidade aquando da aprovação do documento e defendeu que a função do regulador é dar confiança aos cidadãos através da certificação permanente daquilo que é publicado.


Também para o jornalista e investigador em comunicação digital Miguel Crespo as críticas à Carta foram tardias, o que revela alguma desvalorização do tema no parlamento.


Miguel Crespo classificou o artigo 6.º como um "perfeito disparate" porque obriga a estarem registados na ERC os meios produtores de 'fake news', que ao mesmo tempo poderão verificar, também eles, o conteúdo falso.


Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa afastou a ideia de que o artigo instituísse, por parte do Estado, qualquer forma de censura e sublinhou que a lei tinha sido aprovada "praticamente por unanimidade".


"Seria grave se o Estado fizesse censura, seria mesmo intolerável, e seria intolerável que, mesmo não fazendo censura prévia, fizesse censura a posteriori. Eu nunca promulgaria um diploma desses, passei toda a minha vida a defender a liberdade de imprensa, nunca o promulgaria", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.


A realidade, porém, é que o diploma suscitou e suscita dúvidas e reservas que não estão ultrapassadas e que conviria clarificar.