As questões “que incomodam” no Festival Internacional de Jornalismo

A questão “que incomoda”, finalmente, é posta dos dois lados. Há jornalistas a perguntarem por que são odiados e agredidos, e há manifestantes a perguntarem por que são todos descritos como arruaceiros.
Matthieu, um condutor de pesados, descreve a continuidade do movimento, mais organizado e com participação em reuniões municipais, “para que os cidadãos deixem de ter medo de nós”:
“Continuamos activos, mas de modo diferente” - afirma. E, segundo Claude, uma reformada, “temos de continuar a fazer ver que não somos invisíveis”.
A apresentação de Florence Aubenas foi bem recebida, com uma das participantes a cumprimentá-la: “Você é a honra da sua profissão. Obrigado por denunciar as desigualdades!”
Não foi tão fácil com Céline Pigalle, da BFM-TV, a quem um dos manifestantes lançou:
“A senhora não conhece nada dos gilets jaunes! Está no alto da sua nuvem, como os políticos! Vocês ‘estão-se nas tintas’ para nós! No campo, não vimos ninguém!”
Céline Pigalle aguentou o embate e fez um esforço de explicação, “reconhecendo erros, indicando que a BFM-TV trabalha no registo de imagem, admitindo um trabalho ‘demasiadamente pouco cauteloso’, com emissões em directo ‘por vezes hipnóticas e infelizes’.”
Mas contou também que a chuva de críticas contra o trabalho da sua estação “veio de todos os lados: do governo, dos outros jornalistas e dos gilets jaunes”:
“Com 70% de audiência no Outono, éramos um dos últimos sítios onde se podiam encontrar espectadores com horizontes muito diferentes. Já ninguém quer ver senão a sua própria opinião.” (...)
“A actualidade social dos gilets jaunes teria esclarecido as grelhas de leitura truncadas, tanto parisienses como jornalísticas” - segundo o texto de Le Monde.
Como admite a sua repórter Florence Aubenas:
“Para nós, o primeiro reflexo era procurar um dirigente e os elementos aglutinadores. Azar nosso, não havia.” (...)
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