A lógica digital e a “economia criativa” como futuro dos “media”
Os criadores de conteúdo “online” aproveitaram o período de confinamento, imposto pela pandemia, para atrair novas audiências e conseguir estabelecer parcerias lucrativas com grandes plataformas digitais, notou Ismael Nafría num artigo publicado nos “Cuadernos de Periodistas”, editados pela APM, com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
De acordo com o autor, este fenómeno verificou-se, igualmente, no sector da imprensa, que começou a entrar em contacto com jornalistas de nicho, com o objectivo de desenvolver novos formatos mediáticos, como os “podcasts” e as “newsletters”.
Assim, começou a surgir uma “economia criativa”, que, conforme indicou Nafría, depende de dois principais factores. O primeiro são os criadores de conteúdo que, através do seu processo criativo têm a capacidade de satisfazer as exigências do público. O segundo são as plataformas, através das quais os profissionais podem divulgar os seus produtos.
Embora os produtos de “nicho” não sejam, exactamente, uma novidade, a transição digital, impulsionada pela pandemia, fez com que os “media” passassem a estar mais atentos à criação deste tipo de formatos, com o objectivo de atrair novas audiências.
Além disso, hoje em dia, os criadores de conteúdo dispõem de ferramentas de edição inovadores, que permitem o desenvolvimento de reportagens originais, assentes nos princípios do jornalismo multiplataforma.
Estas valências passaram, também, a ser exploradas no formato áudio, destacando-se, neste âmbito, a plataforma Clubhouse, que começou a remunerar os criadores de conteúdos, consoante o número de novos utilizadores que conseguem atrair.
Este fenómeno começou, então, a ser analisado por alguns especialistas em modelos de negócio, como é o caso de Li Jin que, num artigo publicado na “Harvard Business Review” explicou que a “economia criativa” pode tornar-se numa solução para muitos profissionais desempregados.
Setembro 21
Neste artigo, Li Jin explica que, "neste momento, a economia criativa em plataformas como o YouTube e o Instagram parece-se muito com a economia dos EUA: há alguns grandes vencedores e muitas pessoas que lutam para ganhar a vida, mas que mal conseguem sobreviver”
“Mas não tem de ser assim -- continua Li Jin -- As plataformas podem ser, e por vezes são, os novos veículos do sonho americano, oferecendo rendimentos estáveis para a classe média e a promessa de mobilidade ascendente".
Agora, o mercado da “economia criativa” conta com um número significativo de colaboradores, apontam alguns estudos. A título de exemplo, a empresa SignalFire estima que 50 milhões de criadores independentes estejam a obter rendimentos através das redes sociais.
Entretanto, a empresa Antler identificou mais de 220 plataformas que podem ajudar os utilizadores a "transformar o seu ‘hobby’ numa profissão remunerada".
O estudo da Antler listou , também, algumas das principais tendências para o futuro próximo da indústria criativa, que incluem o aumento das subscrições digitais - tanto na oferta como no número de utilizadores que decidem contribuir com dinheiro para os meios de comunicação social.
Além disso, sublinha Nafría, a lógica criativa já demonstrou ter efeitos positivos nos “media” tradicionais que apostaram na sua transição digital, bem como no desenvolvimento de conteúdos multiplataforma.
O maior caso de sucesso, recorda o autor, é o jornal norte-americano “New York Times”, que, graças às suas apostas inovadoras, conta, agora, com 7 milhões de subscritores digitais.
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