2 – Quando, há anos, caiu a Ponte de Entre-os-Rios, o ministro da tutela foi rápido a pedir a demissão. Porquê? Porque era o que estava no posto mais alto da hierarquia e, embora não fosse tido nem achado no acidente pensou que seria um erro continuar no cargo, simplesmente porque estar no topo da hierarquia tem consequências. 

Eduardo Cabrita pensa de maneira diferente e recusa a demissão depois do SEF ter assassinado um cidadão ucraniano. Vai tão longe na sua defesa que proclama, sem um pingo de vergonha, que foi o único a fazer alguma coisa. É certo. Foi porque era ele o ministro. O mal é que agiu tarde e por para isso ter sido empurrado por alguma comunicação social – essa sim atenta. 

Uma conferência de Imprensa lamentável pelo que revelou de falta de ética do ministro não foi suficiente para o primeiro ministro o demitir. Nem sempre os ministros saem quando se põem a jeito. O chefe do Governo é que define o timing e, por muito que isso possa custar a António Costa, o ministro Eduardo Cabrita tem os dias contados. É só deixar passar a agitação das águas e esperar pela oportunidade de uma remodelação. 


3 – Quando alguém é chamado a Belém ou pede para ser recebido presta, normalmente, declarações depois da audiência, nem que seja para dizer não querer revelar o conteúdo da conversa mantida com o Presidente da República. 

Recentemente, o diretor da PSP disse o que devia e não devia à saída de Belém deixando em maus lençóis o mesmo ministro Eduardo Cabrita. 

Pode ser só má educação e falta de chá. Mas militares e polícias estão treinados para dizerem só o que devem dizer e nunca se desviam.  Tendo este dito demais, é lógico que nos interroguemos porquê, com que intenção e para o interesse de quem? Esperemos que cenas dos próximos capítulos lancem luz sobre esta questão.