Os autocratas não gostam da liberdade de informação. Trump não esconde a sua hostilidade aos jornalistas e à livre informação. Tudo indica que Trump irá acentuar o seu combate contra a liberdade de expressão.

O 25 de abril foi há 51 anos, mas importa ter presente o que essa data nos trouxe. Basicamente, trouxe-nos a democracia, depois de quase meio século de ditadura.

Hoje a democracia é posta em causa por numerosos autocratas espalhados pelo mundo. Um alvo favorito da maioria desses autocratas é a liberdade de informação. E há muitas maneiras de limitar ou mesmo eliminar o direito a uma informação livre.

Não é preciso recorrer à censura prévia, que vigorou entre nós quase cinquenta anos, para impedir a liberdade de informação. Alguns autocratas não precisam da censura para controlarem a informação. É o caso, por exemplo, de Viktor Orbán, primeiro ministro da Hungria.

V. Orbán combatera o regime comunista que tomou conta do seu país após a Segunda Guerra Mundial e que controlava ferreamente a informação. Talvez por isso Orbán, depois de ascender democraticamente ao poder, promoveu a venda de órgãos de comunicação social a amigos políticos, assim evitando a divulgação de factos bem como de críticas que desagradassem ao seu poder autocrático. Este é um dos motivos que levam a considerar que o regime político da Hungria já não é uma democracia.

Trump é agora presidente dos EUA, um país que desde a sua fundação preza a liberdade de informar. Só que Trump já várias vezes falou no “imperativo de endireitar” a comunicação social, que ele considera quase tão corrupta como o sistema eleitoral (Trump persiste em dizer que a eleição presidencial de 2020 lhe foi “roubada” contra inúmeras decisões judiciais que atestam o contrário).

Quem tem acesso à Casa Branca e a encontros com Trump depende de decisões do presidente, não dos jornalistas, como era tradicional nos EUA.

Um conjunto de advogados a soldo de Trump procura multiplicar processos judiciais contra empresas de “media” e jornalistas. E quem voltou a falar em Golfo do México, em vez de Golfo da América, como Trump pretende, não entra na Casa Branca nem pode fazer parte do grupo de jornalistas que, no avião presidencial, acompanham as deslocações do presidente.

Recentemente, Trump fechou vários meios de comunicação, como a Radio Free Asia e a Voice of America, talvez porque davam notícias que desagradavam a Putin e a Xi Jinping – que agradecem...

No passado dia 9, no aeroporto internacional de Houston, foi expulso dos EUA um cientista francês, depois de as autoridades terem encontrado no seu telemóvel mensagens críticas sobre Trump. Foi o governo de França que tornou pública esta insólita atuação das autoridades americanas, que aparentemente querem agradar ao seu presidente. Trump não falou do caso.

E ainda a procissão vai no adro... Tudo indica que Trump irá acentuar o seu combate contra a liberdade de expressão. E muitos calam-se, receando serem alvo da ira do presidente.