Relatórios confirmam agravamento da violência contra jornalistas
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicou um relatório com o resumo dos dados mais relevantes relativos aos ataques aos jornalistas em 2024 em todo o mundo, incluindo profissionais mortos, detidos e desaparecidos.
O documento revela uma “intensificação alarmante” destas situações, “especialmente em zonas de conflito” e em países com regimes repressivos.
“Os jornalistas não morrem, são mortos; não estão na prisão, os regimes prendem-nos; não desaparecem, são raptados”, afirma Thibaut Bruttin, director-geral dos RSF, no texto de introdução do relatório.
“Estes crimes — muitas vezes orquestrados pelos governos e grupos armadas, com total impunidade — violam a lei internacional e frequentemente passam também impunes”, continua.
“Temos de nos lembrar, como cidadãos, que os jornalistas estão a morrer por nós, para nos manter informados. Temos de continuar a contá-los, a dizer os seus nomes, a condenar, investigar e assegurar que será feita justiça”, acrescenta.
Alguns dados do balanço de 2024
- Este ano, foram mortos 54 jornalistas durante o exercício da sua actividade ou pelo seu estatuto profissional.
- O número de jornalistas mortos durante a cobertura de conflitos atingiu o valor mais alto desde 2020.
- A Faixa de Gaza é a região mais perigosa para os jornalistas, tendo ali morrido 30% dos profissionais vitimados enquanto trabalhavam. A segunda região (alargada) mais perigosa é a Ásia, designadamente o Paquistão e o Bangladesh.
- Foram detidos 550 jornalistas, um aumento de 7,2% em relação a 2023.
- Os quatro países em que se encontram mais jornalistas presos, concentrando quase metade destes profissionais, são: China (124), Myanmar (61), Israel (41) e Bielorrússia (40).
- Entre os 55 jornalistas feitos reféns este ano, 70% estão na Síria. “A maioria foi raptada pelo Estado Islâmico”, referem os RSF, admitindo que é “extremamente difícil — se não for impossível — obter informação sobre o seu destino ou paradeiro”. Ainda assim, a queda do regime de Bashar al-Assad “abriu uma janela de esperança”.
- Actualmente, há 95 jornalistas desaparecidos em 34 países em todo o mundo. Mais de um quarto destes profissionais desapareceu nos últimos 10 anos, especialmente no México, Síria, Mali, República Democrática do Congo, Palestina e Iraque.
A metodologia usada pelos RSF para o cálculo destas estatísticas vem descrita no relatório.
Outras organizações de defesa dos media chegam a valores diferentes daqueles aqui apresentados, por recorrerem a outras formas de registo ou definição das ocorrências. Por exemplo, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) contabiliza 95 profissionais mortos em 2024.
(Créditos da imagem: recorte de ilustração do relatório da RSF)