Multiplicam-se processos judiciais para salvar “media” públicos nos EUA

A batalha judicial contra o desmantelamento da radiodifusão pública internacional intensifica-se nos Estados Unidos. Segundo o Le Monde, multiplicam-se processos judiciais para contestar o desejo da administração Trump de congelar o financiamento para a radiodifusão pública internacional, mas não conseguiram impedir o recente despedimento de 500 colaboradores contratados da Voz da América.
Desde Março, a administração Trump tem implementado medidas que visam reduzir a U.S. Agency for Global Media (USAGM) ao "mínimo necessário", conforme indicado pela sua directora, Kari Lake . Estas acções resultaram no congelamento de orçamentos, suspensão de programações e despedimento de centenas de funcionários da Voz da América (VoA), Radio Free Asia (RFA) e Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL).
A VoA viu quase 500 jornalistas despedidos até 30 de Maio, com muitos em risco de deportação devido à perda de vistos de trabalho. “O que mais nos preocupa é que uma dúzia deles possa ser enviada de volta para países onde a liberdade de imprensa não existe e, por isso, estaria em perigo físico", confidenciou Jessica Jerreat, jornalista da VoA.
Apoiados pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), jornalistas da VoA apresentaram acções judiciais, alegando violações da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão. Antoine Bernard, director de advocacia da RSF, afirmou que "a justiça é lenta e o futuro parece sombrio para a Voz da América".
Além disso, a Public Broadcasting Service (PBS) e a National Public Radio (NPR) também processaram a administração Trump, alegando que a ordem executiva que suspende o financiamento viola a liberdade de expressão e a independência editorial, protegidas pela Constituição.
(Créditos da imagem: Annabelle Gordon - Reuters)