Hong Kong condena jornalistas acusados de conspiração
及前署理總編輯林紹桐.jpg)
Um tribunal de Hong Kong condenou, no passado dia 26 de Setembro, dois jornalistas do jornal local Stand News por alegada conspiração ao publicarem supostamente materiais de apelo à desobediência, informa o Comité para Protecção dos Jornalistas (CPJ).
A acusação já tinha sido confirmada no final de Agosto, mas a leitura da sentença tinha sido adiada. Os dois jornalistas estiveram detidos quase um ano enquanto aguardaram julgamento.
Esta é a primeira condenação por sedição desde que o território passou das mãos do Reino Unido para o domínio chinês em 1997.
O jornal digital Stand News, agora extinto, era crítico das restrições impostas pelo Governo de Pequim, nomeadamente na sequência dos protestos pró-democracia de 2019.
O juiz Kwok Wai-kin afirmou, na leitura da sentença, que os jornalistas “não estiveram envolvidos num verdadeiro trabalho jornalístico, mas em vez disso participaram na chamada resistência”, cita a Associated Press.
O ex-chefe de redacção do jornal, Chung Pui-kuen, foi condenado a 21 meses de prisão, e o ex-chefe de redacção interino, Patrick Lam, embora condenado a 11 meses de prisão, saiu em liberdade por já ter cumprido 10 meses e nove dias em prisão preventiva e por se encontrar doente.
“A condenação dos antigos editores do Stand News […] demonstra que o Governo não tem qualquer intenção de defender a liberdade de imprensa na cidade”, disse Iris Hsu, representante do CPJ na China.
Também os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenam a decisão, considerando-a um “precedente grave” e pedindo que o julgamento seja anulado. “Instamos a comunidade internacional a intensificar a sua pressão sobre o regime chinês no sentido de libertar Chung, bem como os outros 10 jornalistas e defensores da liberdade de imprensa detidos no território”, afirma Cédric Alviani, director do gabinete dos RSF para a Ásia-Pacífico.
A redacção do Stand News foi invadida pela polícia em Dezembro de 2021, tendo as autoridades detido seis dos cerca de 70 jornalistas, incluindo Pui-kuen e Lam. O jornal acabou por anunciar o seu fecho, uma vez que os activos da organização foram congelados pelo Governo.
Também o jornal pró-democracia Apple Daily foi encerrado em Junho de 2021. Jimmy Lai, proprietário deste título e magnata empreendedor que tem criticado o regime chinês, está detido desde 2020, acusado de conspiração e conluio com forças estrangeiras.
Hong Kong encontra-se em 135.º lugar no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, dos RSF. A China ocupa o 172.º lugar entre os 180 países estudados pelo Índice.
(Créditos da fotografia: Iris Tong, via Wikimedia Commons)