Deterioram-se na Venezuela as condições de trabalho para jornalistas

A situação vivida pelos profissionais da comunicação na Venezuela tem causado preocupação. Em Abril deste ano, o Colégio Nacional de Jornalistas (CNP) da Venezuela denunciou que o país se tornou "um lugar hostil para o jornalismo", devido à intensificação da repressão contra os profissionais da comunicação social.
Mais de 400 meios de comunicação social foram encerrados entre 2007 e 2025 e a repressão agravou-se após as eleições presidenciais de Julho de 2024.
Em conferência de imprensa, o secretário-geral do CNP, Edgar Cárdenas, alertou para as “detenções arbitrárias, encerramento de meios de comunicação social e perseguições sistemáticas". Naquela altura, segundo Cárdenas, 13 jornalistas permaneciam detidos por exercerem uma "actividade de alto risco", tornando-se "objectivo político". As detenções ocorrem sem ordem judicial e com "violações constantes ao devido processo", o que tem levado à autocensura, motivada pelo medo de represálias.
"Um jornalista que desde uma esquina informe que existe um buraco numa rua isso pode ser interpretado, pelo poder, como incitamento ao ódio. Porque estas leis são demasiado amplas e, sobretudo, discricionárias. Vemos como o crime de incitamento ao ódio se tornou o crime de base para os jornalistas e outros profissionais da imprensa", acusou Cárdenas.
O CNP exige a libertação imediata dos detidos e anunciou que solicitará uma audiência com o procurador-geral Tarek William Saab. Desde Janeiro, a entidade registou 54 ataques à imprensa, incluindo intimidações, ameaças, agressões, confisco de equipamentos e encerramento de estações de rádio.
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