As posições tomadas por Donald Trump em relação aos meios de comunicação social têm motivado reações de preocupação por parte das organizações de defesa dos media, agora que o ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA) foi reeleito para mais um mandato, a começar em Janeiro de 2025.

Além de algumas declarações mais incendiárias de ataque aos media, Donald Trump afirmou que tem como objectivo trazer as agências reguladoras, tais como a Comissão Federal de Comunicações (Federal Communications Commission [FCC]), para “debaixo da autoridade presidencial”, o que pode reduzir a independência destas entidades em relação ao Executivo, refere o Axios.

Os Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) e a Federação Europeia de Jornalistas (FEP) são algumas das entidades que emitiram comunicados a alertar para os potenciais riscos de ataque à liberdade de imprensa por parte da nova administração norte-americana.

Num texto intitulado “A imprensa livre tem de ser protegida”, o Comité pede “à próxima administração [dos EUA] e aos decisores, no Governo e nas empresas, que reconheçam a imprensa livre e a informação factual que os jornalistas publicam como uma componente essencial da democracia, da estabilidade e da segurança pública”.

Já segundo a RSF, a eleição de Trump para um segundo mandato “assinala um momento perigoso para o jornalismo norte-americano e para a liberdade de imprensa global”, lê-se no comunicado. A preocupação é motivada pelo uso frequente de “linguagem violenta” e pelas “ameaças contra os media”, sendo a comunicação social crítica do futuro governante descrita por este como “fake news” e considerada um “inimigo”.

Nesse sentido, a RSF apela para que Trump use a oportunidade para “restaurar o clima de liberdade de imprensa no país e reposicionar os EUA como líder global na liberdade de imprensa”.

Ainda antes das eleições, a RSF tinha deixado uma lista de dez propostas apartidárias para o reforço da imprensa livre nos EUA.

Por seu turno, a FEP considera que a vitória de Trump alerta a Europa para a necessidade de proteger melhor os jornalistas.

“A retórica hostil de Donald Trump para com os jornalistas e os meios de comunicação social não deve levar os governos europeus a abandonar as suas obrigações de garantir a segurança dos jornalistas e de criar um ambiente propício à liberdade de expressão, incluindo a liberdade de imprensa“, refere o comunicado.

A FEP está especialmente preocupada com a ligação forte de Trump a Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), uma vez que este último tem “uma capacidade preocupante de controlar a opinião pública através das redes sociais”.

“É agora urgente que a União Europeia (UE), enquanto potência regional, regule o domínio das grandes empresas tecnológicas norte-americanas e asiáticas, através do Regulamento dos Mercados Digitais da UE (Digital Markets Act [DMA], no original) e do Regulamento dos Serviços Digitais da UE (Digital Services Act [DSA])”, sublinhou Ricardo Gutiérrez, secretário-geral da FEP.

Esta legislação, particularmente o DSA, visa prevenir a propagação de desinformação, entre outros fins.

(Créditos da fotografia: Inja Pavlić no Unsplash)