O Observatório de Imprensa do Brasil, parceiro do CPI, promoveu, recentemente, um debate sobre as formas de violência que afectam os jornalistas brasileiros no exercício da sua profissão. Agressões físicas, assédio judicial e ataques online fizeram parte da discussão, tendo sido destacada a “crescente gravidade das ameaças e dos seus impactos no modo de actuar dos jornalistas e até na liberdade de imprensa”. 

Moderado por Denize Bacoccina, o debate contou com a participação das jornalistas Luciana Barreto (TV Brasil), Letícia Kleim e Tatiana Farah (Abraji), que abordaram as estratégias de intimidação e silenciamento. 

Um dos temas centrais foi o uso crescente do assédio judicial como forma de censura: processos movidos não com o objectivo de obter ganho de causa, mas como forma de pressão e desgaste. As consequências provocam autocensura, medo e desmotivação para abordar temas sensíveis. As intervenientes alertaram ainda para a dimensão racial e de género da violência, com Luciana Barreto a destacar o aumento dos discursos de ódio, especialmente contra jornalistas negras. Ataques misóginos contra mulheres jornalistas também foram apontados como uma vertente específica e grave da violência. 

Os agressores não se limitam a figuras públicas. Muitas vezes são cidadãos comuns, influenciados por campanhas organizadas de descredibilização dos media. O debate sublinhou a urgência de um apoio institucional, jurídico e emocional robusto aos profissionais da comunicação, destacando o papel essencial de organizações como a Abraji, que, por exemplo, oferece acolhimento, assessoria jurídica e protecção integral aos jornalistas sob ataque. 

É possível assistir ao webinar através deste link

(Créditos da imagem: Unsplash)