Depois de ter sido reprovada a proposta apresentada no Processo Especial de Revitalização (PER), a Trust in News (TIN) avançou que não se vai opor à insolvência, noticia o Eco.

A empresa anunciou, ainda, que vai apresentar um plano de insolvência com recuperação, para evitar a liquidação e o consequente fecho das publicações.

A TIN é detentora de 16 títulos, entre os quais a VisãoExameCaras, Activa e Courrier Internacional, e emprega uma centena e meia de pessoas.

A empresa enviou uma mensagem aos trabalhadores, no passado dia 12 de Novembro, anunciando que “vai comunicar formalmente ao AJP [administrador judicial provisório] que nada tem a opor ao parecer de insolvência que venha a sugerir, na convicção de que a empresa continua a operar, e manifestando, desde já, a sua intenção de apresentar um Plano de Insolvência”, lê-se o email, citado pelo Eco.

A administração da empresa comunicou, ainda, que vai convocar “uma Assembleia de Credores para apresentação e fundamentação do Plano de Recuperação da empresa”.

A TIN, detida e liderada por Luís Delgado, submeteu em Maio deste ano um PER, no sentido de tentar renegociar as suas dívidas. A empresa, que tem um capital social de dez mil euros, deve, no total, quase 33 milhões de euros, sendo o principal credor o Estado (17 milhões de euros).

“Lamentavelmente, e malogrados todos os nossos esforços no sentido de manter e estabilizar a nossa atividade, cuja reestruturação está em curso e a produzir efeitos positivos, chegamos ao momento onde somos forçados a assumir o próximo passo“, continua a mensagem da administração da empresa.

O “próximo passo” é a comunicação ao tribunal e aos credores, por parte do administrador judicial provisório, de que a empresa está insolvente e pretende apresentar um plano de reestruturação.

A TIN tem de apresentar um plano de insolvência no prazo de 30 dias contados desde a declaração da insolvência, explica o Expresso.

A administração da TIN considera que “uma insolvência cega e que determine a simples dissolução e liquidação da Trust In News irá deixar a comunicação social nacional mais pobre, e desprotegerá todos os colaboradores e credores, incluindo o próprio Estado”, refere, ainda, o email enviado aos trabalhadores.

Na assembleia de credores que será convocada — a realizar entre o 45.º e o 60.º dia após a declaração de insolvência, portanto, em princípio, no início do próximo ano — será decidido o futuro da empresa.

Se os credores chumbarem o plano de recuperação apresentado, a TIN irá para liquidação e a gestão do processo passa a ser feita pelo administrador de insolvência que for nomeado. Caso contrário, será agendada nova assembleia para discutir e votar aquele plano.

Trabalhadores convocam plenário

Foi agendada, pelos trabalhadores da TIN, uma reunião de plenário para dia 18 de Novembro para analisar a situação da empresa, que deve o pagamento de salários desde setembro, noticia o Expresso.

Os representantes dos trabalhadores — comissão de trabalhadores da TIN, delegados sindicais da Visão e conselho de redacção da Visão — consideram a situação “preocupante”.

“Em teoria, este plano pode incluir o encerramento ou a venda de títulos, a cessação de contratos de trabalho e uma proposta de perdão parcial da dívida (excepto da dívida ao Estado, pois essa não pode ser perdoada)”, dizem em comunicado.

O “chumbo” do PER

No passado dia 5 de Novembro, a TIN viu ser reprovada a sua proposta de revitalização, com os votos contra, entre outras entidades, da Autoridade Tributária (AT) e da Segurança Social, a quem a TIN deve, respectivamente, 8,13 milhões de euros e 8,98 milhões de euros.

Entre os credores que votaram a favor do plano, estão a Impresa Publishing (que tem a receber 4,14 milhões de euros e a quem Luís Delgado comprou as publicações em 2018), o Novo Banco (3,56 milhões de euros) e o BCP (mais de 717 mil euros), refere uma notícia da RTP.

No PER, a empresa propunha pagar as dívidas em 17 anos. No plano não era pedido o perdão da dívida (excepto no caso de alguns juros de mora), mas a TIN sugeria ficar a pagar aos seus credores até 2041.

Antes da votação final do PER, a administração da empresa tinha enviado uma comunicação aos trabalhadores a avisar que o plano não seria aprovado.

“O tempo e as condições necessárias não se reuniram para se conseguir manter em dia todas as contribuições mensais para o Estado, desde 29 de maio de 2024, e os ordenados e subsídios de todos os colaboradores”, lê-se na mensagem, citada pelo Expresso.

(Créditos da fotografia: site da Visão)