A Trust in News, empresa proprietária de títulos como Visão, Exame e Caras, já entregou ao tribunal a sua proposta de plano de recuperação, noticia o Eco.

A documento surge na sequência do Pedido Especial de Revitalização a que o Grupo recorreu em Maio deste ano, no sentido de tentar renegociar as dívidas com os credores, dada a situação iminente de insolvência da empresa.

A sociedade de Luís Delgado, que detém 16 órgãos de comunicação social, deve, no total, quase 33 milhões de euros ao Estado, instituições financeiras, trabalhadores e outros credores.

Segundo o plano apresentado no tribunal, não é pedido o perdão da dívida (excepto no caso de alguns juros de mora), mas a Trust in News sugere ficar a pagar aos seus credores até 2041.

É ao Estado que a empresa de media deve mais dinheiro, superando os 17 milhões de euros — 8,97 milhões de euros de dívida à Autoridade Tributária e 8,13 milhões de euros à Segurança Social —, “sendo estas dívidas respeitantes a valores de impostos que não foram liquidados e contribuições em atraso”, lê-se no o plano de revitalização, disponível na plataforma Citius, do Ministério da Justiça.

Segundo o documento, a proposta é que este valor seja pago ao longo de 150 prestações mensais (12 anos e meio), a começar em Novembro deste ano e a terminar em 2037.

Quanto às dívidas às instituições financeiras (4,27 milhões de euros) e a outros credores (11,1 milhões de euros), a empresa propõe um plano de pagamentos em 180 prestações mensais, a começar em 2026 e a terminar em 2041, sendo que na 180.ª prestação,  é feito o “pagamento de bullet de 45%” da dívida.

Da lista de “outros credores” faz parte a Impresa, terceiro maior credor (4,2 milhões de euros), a quem Luís Delgado comprou as publicações em 2017/2018.

Relativamente aos trabalhadores, a previsão é pagar os salários e subsídios em atraso (cerca de 400 mil euros) em 12 meses.

A Trust in News refere que “tem como activos intangíveis registado no seu balanço o valor líquido de 10,7 milhões de euros”, património este que pode alienado para ajudar a abater as dívidas acumuladas.

Estes activos correspondem “às marcas das revistas e publicações” da sociedade.

“Esta eventual alienação prende-se com a política de restruturação que a empresa tem levado a cabo, sendo a intenção da empresa com a venda destas insígnias a redução da sua estrutura de pessoal”, que conta actualmente com 155 trabalhadores, explica o relatório.

De acordo com a demonstração de resultados previsional, a empresa deverá terminar este ano com prejuízos de 1,4 milhões de euros, mas antecipa lucros a partir do próximo ano: 786 mil euros em 2025 e mais de um milhão em 2026, nota o Eco.

“A impossibilidade da empresa em liquidar a curto prazo as suas responsabilidades constitui uma das maiores dificuldades que esta enfrenta, tendo sido essa a principal motivação desta entidade em recorrer ao PER. No entanto, e apesar das evidentes dificuldades existentes, considera-se exequível a revitalização da empresa, através da aplicação do presente plano”, resume o relatório.

O plano será agora votado pelos credores.

(Créditos da fotografia: site da Visão)