A revista chamava-se “Foguetão – Semanário Juvenil para o Ano 2000”, e os 13 números da sua curta existência publicaram-se entre Maio e Julho de 1961. Era propriedade da ENP, que detinha o Diário de Notícias, e foi dirigida por Adolfo Simões Muller, que também deixou o nome ligado à Nau Catrineta, suplemento do DN, e a outras publicações infanto-juvenis.  

Na página 6 do nº 11, saído a 13 de Julho, um artigo de previsão científica tinha por título “O jornal do ano 2000 caberá na palma da mão”.  

Vale a pena abrir a revista, disponibilizada pela Hemeroteca Digital, e ampliar o texto, que descreve um cidadão saindo de casa, pela manhã, e procurando o jornal do dia:

O que ele encontra não será um ardina, mas um distribuidor automático que, a troco de uma moeda, lhe fornece “uma espécie de disco”. O comprador tira da algibeira “qualquer coisa parecida com uma cigarreira. (…) Na tampa dessa caixa, um écran que ocupa metade da superfície. Por baixo, uma rede muito fina. Nos cantos superiores, dois botões. De lado, uma fenda.”  

O “disco” que se introduz nessa fenda é, no fundo, uma cassette de “fita muito estreita e de pouca espessura, com cerca de 300 metros de comprimento”. A cigarreira parece-se com um televisor de bolso: “no écran, as imagens começam a surgir e, através da rede, ouve-se a voz de um locutor”. 

A fita magnética tem as possibilidades de avançar ou recuar depressa, passando de uma rubrica para outra, e o indicador para parar no que nos interessa é descrito deste modo:

“Uma tira de cor no écran previne-nos do género de rubrica que passa: azul para a política, vermelho para os casos de rua, verde para as histórias de quadradinhos (pois então!), amarela para o desporto, etc.”  

Os smartphones que hoje temos fazem-nos sorrir das soluções desta previsão, mas o seu autor, socorrendo-se de tecnologias já existentes, não se enganou muito no aspecto geral.

 

Mais informação sobre o Foguetão e a edição que contém este artigo, na pág. 6