Os embaraços do jornalismo na transição digital e a “dívida técnica”

O autor começa por afirmar que não se trata apenas de “falta de sensibilidade dos directores em relação à tecnologia”, citando o blog de Enrique Dans, onde foi colher o conceito de “dívida técnica”.
Segundo Miguel Ormaetxea, não há muitos jornalistas que “entendam e divulguem as novidades do progresso tecnológico, e que vão além da exposição dos gadgets de tal progresso, os aparelhos, as inovações e as suas características”.
Há neste terreno “temas profundos e complexos”, que não estarão ao alcance de todos, mas explicá-los “é essencial para entender o mundo que nos rodeia, que se tornou um cavalo selvagem difícil de montar; as derivas do terrorismo e do populismo têm muito a ver com este pânico do progresso, bem como do desconhecimento dos lugares aonde ele nos pode levar”. (...)
O referido artigo de Enrique Dans, expondo as consequências de manter os nossos sistemas em “dívida técnica”, é esclarecedor sobre aquilo de que se trata. Não é só a resistência à actualização dos softwares e à aquisição do material que os suporte, bem como a incorrecta combinação de sistemas e versões diferentes, mas também o argumento de poupanças que se podem pagar muito caro mais tarde.
Enrique Dans explica deste modo o recente crash dos sistemas da British Airways, “no contexto de uma polémica gestão do espanhol Alex Cruz como CEO da IAG, que engloba também companhias como Iberia, Vueling ou Air Lingus, caracterizada por agressivas reduções de custos e pela subcontratação progressiva dos sistemas da companhia, uma política bastante comum na indústria do transporte aéreo”.
Voltando a citar Miguel Ormaetxea:
“A tecnologia está a chegar ao ponto em que as suas conquistas começam cada vez mais a parecer magia, e muitos responsáveis pelos media acumulam com frequência uma dívida técnica, intelectual e cultural, para com estas realidades. Por isso podemos ver como importantes meios de comunicação não conseguem dar o necessário relevo a estes temas. Nem encontram um lugar onde situar estas informações (na Economia ou na Cultura?).” (...)
O artigo de Miguel Ormaetxea, em Media-tics