Os “dilemas” do jornalismo na era da polarização digital
A relação do jornalismo com as elites políticas e empresariais entrou num período de turbulência, adivinhando-se, agora, a possibilidade de ruptura do modelo vigente há mais de um século, considerou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Por isso mesmo, diz Castilho, a imprensa terá de escolher, em breve, entre continuar a acompanhar o “establishment” social, ou lutar por um novo papel do jornalismo na sociedade.
Conforme apontou o autor, durante vários anos, os jornalistas procuraram aliar-se às elites políticas e sociais, como forma de obterem os investimentos necessários para criar jornais, revistas, ou estações de rádio.
Além disso, a publicidade que viabilizava a sustentabilidade da imprensa era baseada em anúncios voltados para consumidores das classes média e alta, o que levou o jornalismo a preocupar-se com o segmento social “mais poderoso”.
Tudo isto mudou, continuou Castilho, com o aparecimento das plataformas digitais, que vieram acabar com o modelo de negócio tradicional do jornalismo.
Ou seja, com a presença dos grandes ‘players’, os jornalistas deixaram de ter um papel crucial para a formação da opinião pública, uma vez que os cidadãos comuns passaram a partilhar as suas visões do mundo, e a disseminá-las a uma velocidade sem precedentes.
Ademais, com este novo modelo, os “media” deixaram de poder contar com as elites, que passaram a fazer investimentos publicitários junto das empresas tecnológicas, em detrimento dos títulos jornalísticos.
Fevereiro 22
Há, ainda, que ter em conta que a maioria das elites empresariais segue um modelo polarizado, apoiando uma determinada ideologia.
Ou seja, mesmo que pudessem depender dos investimentos destes negócios, os “media” estariam a apoiar uma corrente de pensamento específica, o que contradiz as normas éticas da profissão jornalística.
Agora, considera Castilho, as empresas jornalísticas terão de optar entre um “modelo tradicional de sobrevivência”, e uma mudança profunda, que poderá marcar uma nova inserção da profissão na sociedade da era digital.
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