Onde se fala da vinculação do jornalista a uma determinada linha ideológica
Com a sua popularização na década de 1990, a internet prometia ser um espaço livre para a obtenção de conhecimento, no qual os seus utilizadores poderiam partilhar ideias, bem como assegurar a liberdade de pensamento, distanciando-se dos ideias promovidos pelas grandes empresas mundiais.
Contudo, assinalou Miguel Ormaetxea num artigo publicado no “site” “Media-tics”, esta premissa inicial não poderia estar mais distante da realidade contemporânea.
Isto porque, segundo recordou Ormaetxea, o funcionamento da internet é, agora, condicionado por grandes empresas, que controlam mais de 50% de todo o mercado publicitário, e que influenciam o dia-a-dia de todos os seus utilizadores.
Além disso, as publicações noticiosas, que adoptaram um modelo digital, são, agora, forçadas a publicar o mesmo tipo de conteúdos que circula nas redes sociais, como forma de assegurar o interesse dos leitores e, consequentemente, a sua sustentabilidade financeira.
Assim, a internet, que prometia ser um espaço de democratização do discurso e do pensamento, transformou-se no principal veículo da polarização social e política, oferecendo destaque a discursos disruptivos, que chocam as audiências, e que promovem a sua partilha maciça.
Aliás, continuou Ormaetxea, o “Relatório Anual sobre a Profissão de Jornalismo 2021”, divulgado pela APM, confirma a perigosa e crescente polarização na sociedade espanhola, com 68% dos colaboradores inquiridos a afirmarem que todas as redacções parecem ter aderido a esta tendência.
Ademais, cerca de 93% dos profissionais entrevistados afirmou que os directores editoriais procuram, agora, seguir uma determinada linha ideológica.
Janeiro 22
Perante este cenário, Ormaetxea insta todos os cidadãos a afastarem-se dos discursos polarizantes que são promovidos pelas redes sociais, e a lutarem pelo fim do anonimato “online”, para que a internet possa aproximar-se daquilo que, inicialmente, prometia.
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