O Jornalismo como antidoto contra a desinformação

Segundo aquele organismo o termo correcto será “desinformação” e não “notícias falsas”.
A consultora de tecnologia Gartner prevê que, em 2022, metade das notícias que consumimos serão falsas. No entanto, o simples facto de se classificar uma notícia inconveniente como falsa, equivale a eliminar o papel que cabe ao jornalismo na nossa sociedade, o de relatar os factos que estão a acontecer. Porque, no fundo, é nisso que se baseia, contar aos leitores o que está realmente errado.
Será o jornalismo uma vítima ou o culpado desta situação? Marc Amorós Garcia, considera que são ambas as coisas.
Vítima, porque muitas informações publicadas e difundidas com a aparência de notícia são, na realidade, falsidades ou meias verdades, e são intencionalmente divulgadas com um objectivo ideológico ou motivadas pelo lucro. Mas é culpado, porque hoje existem muitos meios de comunicação que nasceram para desinformar.
A perda da importância das edições em papel, juntamente com hipervelocidade imposta pelas redes sociais, condena os media a serem reféns da “ditadura do click” , que empurra o jornalismo para produzir cada vez mais notícias em menos tempo e a incorporar informações que antes se descartavam por serem pouco exactas.
O novo cenário democratizou de tal modo a difusão de notícias que, hoje, qualquer pessoa pode constituir-se num meio de comunicação. Bastará para efeito abrir um blog ou um perfil em qualquer rede social.
Abundam os órgãos de informação criados especificamente para desinformar, que adquirem uma aparência confiável de credibilidade na forma de jornais digitais.
Outros foram fundados recentemente, com alguns jornalistas sem formação que, sem terem como objectivo desinformar, são vitimas da exigência da grande procura de informação, da velocidade com que é produzida e consumida.
Um meio possível para combater esta situação, poderá passar pela exigência de verificação de dados.
Em Espanha foi criada recentemente a Comprovado, que reúne até 16 órgãos de comunicação para combater a desinformação, no discurso público e político. O objectivo é criar um “exército” de jornalistas que, independentemente dos meios para onde trabalham, geram uma rede de cooperação para localizar e verificar falsas notícias.
Esta iniciativa nasceu em colaboração com a First Draft, uma organização internacional fundada em 2015, para apoiar jornalistas e editores na criação de boas práticas.
Os resultados da verificação de factos são demonstrados por um estudo da Universidade de Cornell, onde se verificou que 30% dos utilizadores do Canal Reddit / Change My View, mudaram de opinião quando lhes foi demonstrado que, a notícia que acreditavam ser verdadeira, era comprovadamente falsa, feita a verificação de dados.
A importância da certificação dos dados é, também, demonstrada pelo estudo da revista Science, de Março de 2018, com a pesquisa conduzida pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde se conclui que, no Twiter notícias verdadeiras raramente atingem mil partilhas, enquanto as falsas são partilhadas, em media, por 10 mil pessoas.
Para o autor, o jornalismo deve apostar fortemente nos factos, em vez de recorrer a opiniões ou especulações, como principal fonte das suas informações.
Recomenda, ainda, um esforço maior na formação profissional, na medida em que, os meios de comunicação social devem compreender que a luta contra a desinformação e as notícias falsas, exige uma maior capacitação dos jornalistas.
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