Jornalista russa interrompe noticiário e exibe um apelo à paz
O boletim noticioso do Channel One – canal estatal russo – foi interrompido pela jornalista Marina Ovsyannikova, que exibiu um cartaz antiguerra, durante a emissão de 14 de Março.
“Parem a guerra. Não acreditem na propaganda. Aqui, estão a mentir-vos”, podia ler-se no cartaz.
Esta manifestação pela paz levou à interrupção abrupta da emissão em directo, com a imagem da pivô a ser substituída por uma peça jornalística sobre um hospital.
A jornalista Marina Ovsyannikova foi, entretanto, detida pelas autoridades russas, tendo comparecido num tribunal em Moscovo, sob a acusação de partilhar notícias falsas.
"Não admito culpa", afirmou, na sala de audiência.
Esta profissional, para já multada em 30 mil rublos (256 euros), poderá ser condenada até dez anos de prisão.
Ainda assim, conseguiu deixar uma mensagem nas redes sociais, revelando ser colaboradora do Channel One, e ter participado em campanhas de propaganda.
“Infelizmente, nos últimos anos, trabalhei no canal federal, ajudei o Kremlin na propaganda, e tenho vergonha do que fiz”, diz no vídeo. “Nós calámo-nos em 2014. Não dissemos nada quando Navalny foi envenenado.”
No vídeo, Ovsyannikova diz, ainda, que o que está a acontecer na Ucrânia é “um crime” e que a Rússia é “o agressor”. “E a responsabilidade por essa agressão recai, apenas, na consciência de uma pessoa, e essa pessoa é Vladimir Putin.”
Posto isto, a profissional apelou ao protesto dos cidadãos russos. “Não tenham medo de nada, eles não podem prender-nos a todos”.
Março 22
Recorde-se que, nas últimas semanas, as autoridades russas têm acentuado a sua perseguição ao jornalismo, o que levou ao encerramento de muitas redacções independentes, tanto nacionais, como internacionais.
Agora, a grande maioria da informação disseminada sobre a guerra é controlada pelo Kremlin, que nega, perante os cidadãos, a existência de um conflito bélico, cunhando-o como “uma missão de paz” na Ucrânia, em defesa dos povos separatistas.
O tribunal de Paris ordenou o bloqueio do site News.DayFr, acusado de plagiar artigos de cerca de 40 meios de comunicação franceses e de os reproduzir com o auxílio de inteligência artificial...
O Reuters Institute apresenta num artigo a ideia de que a confiança nas notícias continua em declínio. De acordo com o Digital News Report mais recente, apenas 40% das pessoas inquiridas em 47...
Carlos Castilho, no seu mais recente artigo para o Observatório de Imprensa do Brasil, parceiro do CPI, analisa o uso crescente do “grotesco em matéria de manipulação de informações com fins...
Embora se definam apenas como plataformas tecnológicas, as redes sociais influenciam as opiniões pessoais. Os especialistas em comunicação, como Rasmus Kleis Nielsen, autor do artigo News as a...
De acordo com Carlos Castilho, do Observatório de Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém uma parceria, o jornalismo enfrenta, actualmente, dois grandes desafios, nomeadamente,...
Num texto publicado no media-tics, o jornalista Miguel Ormaetxea, reflectiu acerca da receita de publicidade digital dos media, que, em grande parte, fica nas mãos de grandes empresas de tecnologia,...
Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado.
Batista...
O Journalism Competition and Preservation Act (JCPA), um projecto de lei que pretendia “fornecer um 'porto seguro' por tempo limitado para algumas organizações de notícias negociarem...
Algumas organizações criaram um novo guia, Dimensions of Difference, para ajudar os jornalistas a entender os seus preconceitos e a cobrir melhor as diferentes comunidades. Este projecto baseia-se...