Descrevendo as limitações causadas por esta situação, o texto aponta que “o empenho em perceber e aceitar diferentes pontos de vista (...) está em recuo” e que “o dever de escrutinar o poder político, seja o Governo ou a oposição, dá cada vez mais lugar à produção de anátemas ou de certezas sectárias que menosprezam a exigência, a defesa do interesse público ou a factualidade verificada”: 

“A crescente propensão, muito inflacionada pelas redes sociais, de se analisar o que se publica a partir de trincheiras ideológicas, partidárias ou clubísticas estimula o vazio onde germina o populismo, a xenofobia e os radicalismos. A pós-verdade e/ou a verdade pessoal, relativa e insusceptível de questionamento, ganharam terreno.” 

Sobre a visão que assume, o editorial afirma que o Público “defende os valores da livre iniciativa, da democracia liberal, das liberdades individuais, da fiscalização e controlo dos poderes”, mas “continuará a ser o lugar onde todas as opiniões cabem, excepto as que promovam valores atentatórios ao nosso estatuto editorial, sejam o racismo, a xenofobia, a homofobia ou a apologia da violência”. 

“Dirigir um jornal nos tempos duros em que vive a imprensa (e as democracias) não é tarefa fácil. A redacção do Público assume-se como um espaço de resistência nesse desafio.” 

E conclui com um apelo aos leitores: 

“Nestes dias em que os meios dos poderes constituídos para ocultar, gerir ou branquear os factos e a verdade crescem desmesuradamente, enquanto os recursos humanos e materiais das redacções encolhem, comprar ou assinar um jornal como o Público é um compromisso cívico em favor de uma sociedade plural e democrática.”  (...) 

Assinam o texto, que aqui pode ser lido na íntegra, Manuel Carvalho, Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes e Tiago Luz Pedro