Resumir artigos com IA para atrair leitores

A editora do The Independent no Reino Unido, Chloe Hubbard, afirmou à Press Gazette que os artigos resumidos pelo novo serviço de inteligência artificial, o Bulletin, frequentemente superam o conteúdo original escrito por humanos.
A ferramenta, que utiliza o Gemini da Google para resumir os artigos em cinco a dez pontos, foi lançada recentemente. Hubbard destacou que o novo produto “funciona comercialmente” e que a equipa do Bulletin “criou, num dia, um milhão de visualizações de artigos”.
Chloe Hubbard afirmou que as histórias estão a surgir no Google Discover, o serviço de agregação, gerando um “tráfego substancial”. O CEO, Christian Broughton, revelou à Press Gazette que, em alguns casos, as histórias resumidas pela IA estão a superar os artigos escritos por humanos nos resultados de pesquisa do Google.
Actualmente, o Bulletin está apenas disponível no site do Independent, com uma secção dedicada na página inicial. “O serviço acabará por ser transferido para um domínio dedicado, com planos em curso para uma aplicação e, eventualmente, briefings áudio”, refere a Press Gazette.
As notícias reescritas pela IA no Bulletin são assinadas pelo mesmo jornalista que escreveu o artigo original e incluem links para a versão completa. Broughton explicou que o mesmo editor humano supervisiona tanto a versão original quanto a versão resumida.
Hubbard explicou a origem do Bulletin: “Muitas pessoas querem ler sobre coisas, mas não têm necessariamente tempo para ler 2.000 palavras... Por isso, decidimos ver como poderíamos dar às pessoas o nosso conteúdo - conteúdo totalmente fiável, verificado e verificado por factos - de uma forma mais condensada, que potencialmente rivalizaria com os resumos que também podem ver quando pesquisam coisas no Google, por exemplo. Mas saberíamos que a fonte de verdade para esse conteúdo seria o nosso próprio jornalismo”.
A editora explicou que, antes da publicação, um jornalista revê o conteúdo gerado pela IA para garantir que não haja erros, algo que, até agora, não aconteceu. O serviço selecciona os artigos com base no que o público pode não ter tempo de ler, focando-se em tópicos mais complexos, como assuntos políticos ou científicos.
Hubbard afirmou que, muitas vezes, a ferramenta de IA do Bulletin “se sai melhor. O público está a preferir essa versão. Portanto, é como se a IA fosse um jornalista muito bom”.
Broughton destacou que o Bulletin não pretende reduzir o número de jornalistas. Pelo contrário, enfatizou que a iniciativa criou sete novos empregos, incluindo uma função na plataforma de media social WeAre8, parceira deste serviço noticioso. “Se nos limitássemos a reduzir, mataríamos o The Independent. The Independent está apenas numa agenda de crescimento”, frisou Broughton ao Press Gazette.
(Créditos da imagem: Freepik)