Situação do Global Media Group continua a agravar-se

Os diretores demissionários do Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo e Dinheiro Vivo compareceram perante a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto do Parlamento, expressando preocupações sobre a desvalorização das marcas pela administração da Global Media Group (GMG). Defenderam também a importância dos trabalhadores e criticaram a gestão que resultou em cortes de custos, impactando negativamente as receitas.
Inês Cardoso, directora do JN, questionou as declarações do presidente da GMG, José Paulo Fafe, sobre a circulação do jornal.
Segundo a directora do JN, o CEO indicou que o título com sede no Porto vende cerca de 12 mil jornais em banca, ascendendo a cerca de 14 mil com as assinaturas, mas os dados do terceiro trimestre apontam para uma circulação paga impressa de 19.327.
"O JN tem resultados positivos consistentes ao longo dos anos", afirmou, indicando que até ao fim de outubro o título tinha um EBITA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) positivo de 1,97 milhões de euros.
Os directores destacaram a crise no GMG, com reestruturações e rescisões anunciadas para evitar a falência do grupo. A falta de pagamento de salários e subsídios também foi discutida, com a ameaça de greve dos trabalhadores a 10 de janeiro.
Os directores demissionários enfatizaram o papel crucial dos trabalhadores e criticaram a falta de comunicação sobre as mudanças internas. Além disso, levantaram questões sobre a transparência na gestão e a responsabilidade dos accionistas. A Comissão Executiva da GMG acusou outros accionistas de condutas éticas questionáveis, enquanto a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) procura esclarecimentos sobre a titularidade do capital do fundo que detém a GMG.
Foram também aprovadas audições parlamentares com a ministra do Trabalho e a ACT foram aprovadas para investigar a situação laboral na Global Media.
O Governo também já manifestou preocupação sobre a situação na Global Media e informou, em nota enviada às redacções, que "acompanha" a situação.
O executivo apelou ainda ao Grupo que assegure o pagamento dos salários, nem que, para isso, tenha de recorrer aos mecanismos necessários para que o Fundo de Garantia Salarial seja accionado.
A Global Media pagou recentemente o subsídio de refeição relativo a dezembro, confirmou à Lusa fonte oficial do grupo que detém títulos como a TSF, Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias (DN) entre outros.
Contudo, a administração da GMG ainda não informou quando serão pagos os ordenados referentes a dezembro.
Os sites de notícias Diário de Notícias, TSF e Dinheiro Vivo retomaram também a publicação de conteúdo no site, após mais de 36 horas de interrupção.
A falta de actualizações iniciou-se na madrugada de 1 de janeiro de 2024, devido à cessação de contrato que impediu o acesso às ferramentas de publicação.
A situação foi, entretanto, resolvida, permitindo a retoma das atividades dos sites de informação. O Conselho de Redacção e a Comissão de Trabalhadores da TSF expressaram preocupação pela falta de decisões oportunas da administração da Global Media Group para evitar a interrupção do normal funcionamento do sitee garantir uma transição suave para um novo formato.