Desmascarar a desinformação e a propaganda sobre a guerra na Ucrânia é o plano de um grupo de verificação de factos do Cazaquistão. Uma organização polaca está a investir em novos formatos de verificação de factos, através de infografias e vídeos curtos. Outra organização contratará verificadores de factos para expor desinformação em três países da África Ocidental.

Todos estes projectos e muitos outros vão ser apoiados financeiramente pelo Global Fact Check Fund, administrado pela International Fact-Checking Network (IFCN), do Poynter Institute, uma organização sem fins lucrativos, que vai distribuir os primeiros 875 mil dólares (mais de 802 mil euros), com o apoio do Google e do YouTube, que contribuíram com 13,2 milhões de dólares ( cerca de 12,1 milhões de euros) para este Fundo.

A IFCN anunciou recentemente, quais serão os primeiros beneficiários do Global Fact Check Fund, que visa ajudar as organizações de verificação de factos a aumentar ou a actualizar a sua presença online.

Nesta primeira fase, cada uma das 35 organizações, que trabalham para 45 países, vai receber 25 mil dólares (quase 23 mil euros) para modernizar sites, contratar pessoal, formar pessoas para identificar desinformação, entre outras iniciativas para desenvolverem as suas capacidades.

“A desinformação está em marcha em muitas partes do mundo. Este importante financiamento permitirá que as organizações de verificação de factos se tornem melhores no seu trabalho, mais fortes nas suas capacidades e mais amplas no seu alcance”, disse Angie Drobnic Holan, directora do IFCN. O projecto vai ajudar a fornecer aos internautas as “ferramentas para avaliar criticamente as informações que consomem”, referiu.

A missão deste Fundo é fortalecer e desenvolver as capacidades operacionais, de produção e envolvimento dos media locais e regionais, para aumentar a qualidade, volume, frequência, escala e impacto das habilidades e actividades de verificação de factos.

Ao longo de três anos e oito fases, o Fundo vai apoiar organizações elegíveis para aumentar o nível de profissionalismo na verificação de factos associados aos meios de comunicação, bem como ajudar os cidadãos a avaliar melhor o que vêem nos meios de comunicação de massa e nas redes sociais.

As organizações que são signatárias do Código de Princípios do IFCN solicitaram o financiamento no início de 2023, e a organização seleccionou os beneficiários. Os destinatários abrangem os cinco continentes, com projectos que devem ser concluídos num período compreendido entre nove e 12 meses.

O IFCN divulgou a lista das organizações que já têm o financiamento garantido e as que estão pendentes de mais informação.

Entre os projectos que poderão vir a ter apoio financeiro estão os portugueses, Prova dos Factos, do jornal Público, e Viral Check, do site do Sapo, sobre os quais a IFCN afirma estar a aguardar informações adicionais.

No caso dos primeiros, já aceites, encontra-se a MediaNet International Center for Journalism Public Foundation, do Cazaquistão, que está focada na verificação de factos e na desinformação sobre a guerra na Ucrânia. Nos seus planos está a criação de 32 vídeos curtos de formação para ajudar a educar o público e a preparação de um kit de ferramentas sobre desinformação com guias práticos para a verificação de factos, em dois idiomas, cazaque e russo, as línguas oficiais do país.

Outro dos projectos aprovados é o Vishvas News of India, que planeia criar um “detector de dados enganadores”, que envolve a construção de uma plataforma de acesso aberto, que automatizará o processo de verificação de informações.

Com este apoio, o DUBAWA/Centro de Inovação e Desenvolvimento de Jornalismo da África Ocidental planeia contratar verificadores de factos em países como Serra Leoa, Libéria e Gâmbia, e aumentar o alcance do seu conteúdo, através da contratação de um cinegrafista e do desenvolvimento das suas capacidades operacionais, de produção e de relacionamento.

Já o MindaNews, nas Filipinas, pretende, não só, expandir a sua equipa de verificação de factos, como melhorar a sua presença nas redes sociais para combater as notícias falsas e a desinformação na região muçulmana de Mindanau.

O apoio financeiro para esta primeira fase do projecto, a que o IFCN, chama de “BUILD” ainda não está esgotado, portanto, o Comité Directivo do Fundo Global de Verificação de Factos, irá analisar a existência de recomendações para a distribuição dos fundos restantes.

Em breve será lançada a segunda fase do programa, com a denominação “GROW”. As inscrições irão ser abertas no início de agosto. O valor global designado para esta fase é de um milhão de dólares, com apoios que podem ir até aos 50 mil dólares (mais de 45 mil euros) por projecto, com foco no desenvolvimento da capacidade institucional, competitividade e sustentabilidade local e trabalho regional, o que pode incluir a contratação de pessoas, a expansão de programas, a diversificação dos fluxos de receita ou a realização de parcerias.

Embora a fase “BUILD” tenha sido limitada aos signatários da IFCN, a elegibilidade para a concessão “GROW” estende-se a organizações em parceria ou endossadas por um signatário verificado, que pode incluir organizações com ou sem fins lucrativos, organizações de pesquisa e instituições académicas que estejam a trabalhar na verificação de factos.

Uma terceira fase, a “ENGAGE”, vai estar aberta para inscrições em novembro.

Para informações e contactos siga o link https://www.poynter.org/ifcn/