A discussão do projecto de fusão dos vários meios audiovisuais públicos franceses, que devia ter acontecido no parlamento durante este mês de Maio, foi adiada para o final de Junho. Os trabalhadores do sector fizeram greve como forma de manifestar a sua rejeição do plano, noticia o Le Monde.

Em causa está a junção numa única entidade, e sob a direcção de um CEO nomeado pela entidade reguladora, as televisões e rádios públicas francesas, bem como o Instituto Audiovisual Nacional. A decisão envolve cerca de 16 mil profissionais.

Com este adiamento, a concretização do projecto fica, assim, atrasada em relação ao plano inicial.

A ministra da Cultura, Rachida Dati, previa uma fase transitória com a criação de uma empresa comum para todo o sector audiovisual público em Janeiro de 2025, e a fusão um ano mais tarde.

Mais de 1100 trabalhadores da Radio France, empresa que gere as estações de rádio públicas, assinaram um artigo no Le Monde em que rejeitam o que consideram ser um projecto “demagógico, ineficiente e perigoso”.

Por seu turno, os sindicatos das televisões públicas francesas perguntam: “Por que motivo se vai envolver [o sector] numa fusão que promete ser longa, complexa e ansiogénica para os trabalhadores e sem objectivos editoriais reais?”

A ministra da cultura assegura “não só sustentabilidade, mas [também] força” num mundo de “competição exacerbada” entre plataformas. “Obviamente, não vamos uniformizar nem as profissões nem as actividades”, disse a responsável no Senado.

A empresa agregadora de todos os órgãos deverá vir a chamar-se France Médias e terá como orçamento quatro biliões de euros.

A discussão no parlamento sobre o projecto está agora agendada para começar no final de Junho.

(Créditos da fotografia: Sede em 2015, Suicasmo, via Wikimedia Commons)