Emmanuel Macron anuncia “Estados Gerais do direito à Informação”

Terá sido necessário esperar mais de um ano, mas o Presidente francês, Emmanuel Macron, vai lançar, em breve, os Estados Gerais para a Informação.
O anúncio, feito pelo Palácio do Eliseu, fala na criação de um comité composto por cinco personalidades independentes, cujos trabalhos começarão em setembro.
Christophe Deloire, secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), e Bruno Lasserre, presidente da Comissão de Acesso a Documentos Administrativos (CADA), vão chefiar o comité gestor independente responsável dos trabalhos preparatórios. Deloire foi nomeado delegado geral dos Estados Gerais para a Informação (EGI), e Lasserre, presidente do comité gestor.
Macron havia feito a promessa da criação deste grupo, durante a campanha para as eleições presidenciais, em 2022, onde referiu que queria “lutar contra todas as tentativas de interferência e dar aos jornalistas o melhor quadro para cumprir a sua missão essencial”.
A socióloga e investigadora Camille François, a economista Anne Perrot e a ex-presidente do jornal Liberation e actual vice-directora executiva do Groupe La Poste, Nathalie Collins, também farão parte do Comité, que terá em breve, um orçamento e instalações específicas para a realização dos trabalhos. Este Comité também trabalhará em articulação com a jornalista Maria Ressa, Prémio Nobel da Paz, em 2021.
A primeira fase dos trabalhos deverá ser para definir o plano de acção dos Estados Gerais.
Para Christophe Deloire, face às crises tecnológicas, económicas ou mesmo geopolíticas que o jornalismo enfrenta actualmente, “é necessário inventar um modelo francês para responder às agitações no campo da informação”. Trata-se de “proteger a nossa liberdade de opinião pelo domínio das inovações tecnológicas e apoiar os produtores de informação pela modernização do quadro jurídico” defende o antigo director do Centro de Formação de Jornalistas. “Não dá para resolver os problemas aos poucos”, argumenta.
Para muitos dos entrevistados, a organização dos Estados Gerais para a Informação nunca foi tão urgente, numa altura em que dizem haver sérias preocupações sobre a independência dos media em relacção aos seus accionistas, como evidenciado pelo actual confronto entre o grupo Lagardère e a equipa editorial do Journal du Dimanche (JDD). Em greve há várias semanas, os jornalistas protestam contra a chegada de Geoffroy Lejeune, à chefia da redacção, um ex-editor do semanário Valeurs Actuelles, considerado de extrema-direita.
Muitos jornalistas vêem “a mão” de Vincent Bolloré por detrás da nomeação de Lejeune, enquanto a Comissão Europeia autorizou, sob condições, a oferta pública de aquisição da Vivendi, empresa da família Bolloré, pelo grupo Lagardère. Os colaboradores do jornal continuam em greve.