Riscos da revolução digital no jornalismo e nos media abordados em conferência por Pacheco Pereira

O historiador, com colaboração dispersa pela imprensa e intervenção regular em televisão, designadamente, ao participar no programa Quadratura do Círculo, dedica-se há muito à análise de fenomenologia dos media, matéria sobre a qual discorre com frequência.
Nesta intervenção, que ocorreu num fórum em Aveiro, alertou ainda, segundo o Expresso online, para os “enormes riscos" da revolução digital para os órgãos de comunicação social e para o próprio funcionamento da sociedade, considerando que há uma “quebra de importância do trabalho do jornalismo”.
Para Pacheco Pereira “a actividade do jornalista continua a ser a de alguém que tem uma carteira profissional, que aprendeu um conjunto de regras e que é suposto dar à informação em bruto o contexto que a transforma em informação qualificada e provinda de um jornal e isso é válido na rede, nos jornais e nas televisões. E isso está em risco, em grande parte também pelos mitos associados às redes sociais e à internet”.
O chamado jornalismo do cidadão foi também um dos temas abordados por Pacheco Pereira, defendendo que “o valor das imagens e da informação pode ser utilizado, mas tem que ser mediado e contextualizado por um jornalista”, e chamou a atenção para a falta de moderação dos comentários nos sites dos jornais.
Disse, aliás, não compreender “porque é que os jornais moderam os comentários quando estão colocados numa página de jornal e depois abrem um site no facebook onde tudo é possível escrever, sem qualquer espécie de moderação, em nome do princípio de que todas as pessoas têm o direito à palavra”.
Por outro lado, Pacheco Pereira reclamou, também, um investimento “muito significativo” nas redacções que actuem em tempo real nos meios digitais, sustentando que não tem nenhum sentido ter um órgão de comunicação social online que não funcione 24 horas por dia.