“Cresce o receio, à medida que a tecnologia, e a euforia pelo pelo que pode fazer em benefício dos humanos, aumenta as ordens que nos são dadas por meio de inteligência artificial sobre o que devemos comprar a seguir, que destino escolher na estrada, que voo tomar, que alimento comer, que filme ver no fim-de-semana, a que lugares ir de férias, e mesmo qual é o nível do nosso crédito.” 

“Peste atenção: a inteligência artificial dá ordens a indivíduos! Pelo lado estrutural, ela tem influência sobre as transacções nos mercados da bolsa, os preços de bens de consumo por via do transporte de massas, a Internet industrial, decisões legais e até mesmo eleições políticas.” (...) 

“Ao mesmo tempo, o facto de robots e máquinas utilizando inteligência artificial poderem funcionar de modo independente significa que os humanos podem tornar-se, em muitos casos, irrelevantes ou desnecessários.” 

“Este é um assunto de grande preocupação no terreno da ética. Com a inteligência artificial, existe o risco de que as desigualdades, a discriminação e os preconceitos que encontramos entre os humanos possam perpetuar-se e ser talvez exacerbados.” 

“Pode a inteligência artificial substituir os humanos? Não será perigosa uma tecnologia desprovida de consciência humana e com a liberdade de agir? Quem é o proprietário da riqueza gerada pelos robots? Um produto é mais importante do que o seu inventor?” 

“Estas questões revelam por que motivo a presença e acção humanas, na cadeia tecnológica da inteligência artificial, são absolutamente necessárias para guiar, melhorar e proporcionar orientação no sentido de uma acção correcta ou errada, desde a criação dessa tecnologia em laboratório até à sua disponibilização para uso. Os especialistas em ética [ethicists, no original] têm de trabalhar lado a lado com os investidores, engenheiros e cientistas, à medida que os conceitos vão sendo desenvolvidos, bem como para lá disso.” (...) 

O autor conclui com uma série de nove propostas de conduta sobre o envolvimento da ética na tecnologia da inteligência artificial, sublinhando a necessidade de tornar a tecnologia “um bom servo da Humanidade e do planeta, e não o seu dono”;  de desenvolver estudos inter-disciplinares com “uma abordagem holística às questões da sociedade, economia, ciência, lei, engenharia e tecnologia e questões éticas”;  de “evitar que os seres humanos sejam fisicamente agredidos por robots, por meio de uma integração inteligente de lógica indutiva e mecanismos de segurança”;  de “proibir e reduzir o risco de aplicações militares da inteligência artificial”. 

O último ponto propõe a criação de um Digital New Deal, que possa garantir uma igualdade social na inteligência artificial, “igualdade de género, redução de parcialidade e preconceitos contra comunidades e povos, pelo desenvolvimento de valores e de inclusão”.

"O desafio que se põe à Humanidade, neste momento da História, com as nossas muitas invenções, é o de pensar, agir e governar de modo ético."

O texto aqui citado, na íntegra em Globethics.net