O “jornalismo lento” como ferramenta contra a “avalanche informativa”
Com a chegada da era digital, os cidadãos passaram a estar expostos a uma grande quantidade de informação, o que os impossibilitou de identificar conteúdos falsos, descontextualizados, ou irrelevantes.
Perante este cenário, muitas redacções começaram a partilhar relatórios de “fact-checking”, analisando a veracidade de determinados artigos, reportagens, ou mensagens partilhadas através das redes sociais.
Os jornalistas demonstram-se, contudo, incapazes de analisar todos os conteúdos que circulam “online”, pelo que os cidadãos continuaram expostos a notícias falsas, apesar dos esforços dos profissionais da imprensa.
Por isso mesmo, chegou, agora, a altura de deixar o “fact-checking” para segundo plano, dando prioridade ao “jornalismo lento”, considerou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Isto porque, afirmou Castilho, ao optarem pela desconstrução das agendas políticas, os jornalistas terão de comprometer-se com a análise de uma enorme quantidade de artigos e reportagens, a fim de contextualizarem os factos de forma eficaz.
Além disso, perante o crescente uso de narrativas multiplataforma, os profissionais teriam de dedicar-se, não só, à análise de artigos “tradicionais”, mas, igualmente, de “podcasts”, “newsletters” e vídeos.
Nestas circunstâncias, continuou Castilho, o jornalismo terá de recorrer, provavelmente, a outras ferramentas além daquelas incluídas nos manuais de redacção, tais como instrumentos de investigação social, desenvolvidos pela sociologia e a antropologia.
Perante estas dificuldades, o autor sugere, então, outra abordagem: o foco no “jornalismo lento”, que se destaque pela qualidade, e no qual os consumidores possam depositar a sua confiança.
Fevereiro 22
Esta é, de acordo com Castilho, uma alternativa que contraria a rotina e as regras tradicionais da imprensa brasileira, que está “empenhada em publicar o máximo possível de notícias”.
No entanto, sublinhou o articulista, a “avalanche informativa” já não permite que os consumidores processem as notícias e as transformem em conhecimento.
Assim, concluiu Castilho, é essencial que os jornalistas se adaptem, rapidamente, aos novos contextos.
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