O trabalho que citamos começa pelo fim da segurança do modelo em que todos crescemos, lembrando a decisão do diário britânico The Independent de suspender a sua edição impressa, a carta aberta do director do El País, de Espanha, dando passos na mesma direcção, e o facto de que, “nos Estados Unidos, o número de jornais se reduziu a um quarto em poucos anos”.

 

O debate Digital Next foi precedido por uma exposição apresentada por Lydia Polgreen, editora do New York Times, e as perguntas, naturalmente, incidiam em saber como se tinham adaptado à revolução tecnológica e continuaram tão fortes.

 

A resposta de Polgren concentrou-se na qualidade: “O nosso modelo de negócio é simples: publicamos conteúdos de qualidade e cobramos por eles.”

 

The New York Times tornou-se o modelo global da estratégia pay per view (pagar para ver) nos jornais diários, uma coisa que “provocou discussões acaloradas nas direcções de jornais de todo o mundo. Tomar a decisão de cobrar pela leitura não tem sido fácil. Ainda menos numa época em que os benefícios da Net apregoam a liberdade de conhecimento e uma fluidez de informação que dantes era inimaginável”.

 

Diz-se que os utentes de agora se deixam seduzir por notícias curtas e fáceis de digerir. E também por temas ligeiros, que antigamente eram “indignos” de uma redacção de qualidade. Diante disto, muitos portais de notícias sucumbiram à “tentação”  - como a qualificou Polgreen -  de cair no conteúdo fácil que lhes dê ‘clics’ na Internet.

 

No entanto, segundo Nora Sanín, directora de Andiarios (Associação Colombiana de Editores de Diários e Meios Informativos), o futuro da comunicação não passa por aqui. “O que nos vai salvar é o jornalismo, o bom jornalismo. Temos que fazer cada vez melhor aquilo que sabemos fazer”  -  precisou.

 

Também Roberto Prata de Lima, da Folha, se mostrou crítico de algumas estratégias empreendidas por vários meios da região e do mundo. “Não acho que se trate de desatar a introduzir links URL, mas sim de fazer conteúdos de qualidade, bem pensados e que consigam fazer pensar o leitor.”

 

Outro terreno em que o debate procurou encontrar respostas foi o da nova geração chamada dos millenials  -  saber o que procura, o que a motiva e como chegar a ela. O exemplo que serviu de estudo de caso foi o da série digital “La Pulla”, criada por El Espectador (o jornal mais antigo da Colômbia), que “põe na boca de uma jovem carismática algumas das indignações mais sentidas no país. Não é um conteúdo suave, nem está feito à pressa. Pelo contrário, a mulher faz um monólogo com temas políticos de alto nível, por vezes com factos de difícil compreensão. Por detrás dela há toda uma investigação de semanas, com a colaboração de várias pessoas. E o êxito de “La Pulla” tem sido inegável: mais de oito milhões de visionamentos e centenas de milhares de partilhas nas redes sociais”.

 

A reportagem da Semana, a que pertence a imagem utilizada, de Guillermo Torres. Vêem-se Roberto Prata de Lima, Elena Mesa, Nora Sanín e Eduardo Garcés, durante o painel