O seu ponto de partida é a constatação de que “a desiguldade na repartição mundial da riqueza acelerou nos últimos anos, especialmente nos EUA e no Reino Unido, sendo um factor que contribuíu para grandes mudanças políticas e populismos, mas estamos apenas no princípio de uma tendência mais profunda e radical”. 

Miguel Ormaetxea refere-se depois ao livro “The Great Leveler”, do historiador Walter Scheidel, segundo o qual, nos últimos 12.000 anos da história humana, “o ‘grande nivelador’ da tendência para a concentração de riqueza e a consequente desigualdade têm sido acontecimentos violentos, principalmente guerras e desastres naturais”. 

O Antigo Egipto e o Império Romano foram exemplos máximos de concentração de poder. “Entre o ano 2.000 a.C. e 100 d.C.  – segundo Scheidel -  a fortuna dos romanos ricos aumentou cerca de cem vezes. Alguns aristocratas possuíam milhares de escravos.” 

“As duas guerras mundiais do séc. XX produziram um efeito de nivelação maciça. Desgraçadamente, podemos comprovar que o impulso no sentido do nivelamento não acontece por causas pacíficas.” 

Miguel Ormaetxea cita depois o economista francês Thomas Piketty, que explica, em “O capital no séc. XXI”, “como nas últimas décadas a concentração de riqueza tende a acelerar. A desigualdade tem aumentado também com o desaparecimento do comunismo. Na Rússia e na China, e também na Índia, a concentração de riqueza vai nessa direcção.” 

O último autor citado é o presidente da empresa espanhola Telefónica, José María Álvarez-Pallete, que chama a atenção para o crescimento da riqueza e desigualdade resultantes da mudança tecnológica: “Como vamos distribuir essa riqueza e como vamos canalizar o progresso derivado da mudança tecnológica? Tudo isto exige um novo marco regulatório, uma ‘Constituição digital’.” 

Como diz o autor, em antetítulo, “é imprescindível um grande pacto para a redistribuição da grande riqueza emergente, ou vamos enfrentar grandes convulsões políticas”.

 

 

O artigo citado, em Media-tics, e a apresentação do livro de Scheidel, em The Guardian