Jornalistas afegãos solidários com colegas mulheres contra talibãs
No Afeganistão, os apresentadores da TOLO News passaram a surgir com máscara nas emissões ao vivo, em protesto contra a nova directiva dos talibãs, que obriga as mulheres jornalistas a taparem o rosto.
De acordo com o governo talibã, as jornalistas que “desobedeçam” poderão ser julgadas e condenadas a uma pena de prisão.
Em entrevista ao “Guardian”, a jornalista Lema Spesali explicou que a decisão do protesto surgiu numa reunião de equipa.
“Tivemos que aceitar a decisão dos talibãs, mas decidimos que os colegas do sexo masculino também usariam máscara, de forma a apoiar as mulheres da redacção”, disse Spesali.
Spesali recordou, ainda, que, ao abrigo do novo governo talibã, foi obrigada a alterar a sua indumentária de trabalho, passando a utilizar “roupa modesta”.
“Agora, com a nova medida, deixei de conseguir respirar. Nós precisamos de enunciar as palavras de forma exacta. É muito difícil ler notícias com uma máscara”.
Já um apresentador da TOLO News – que preferiu manter a identidade em privado, por motivos de segurança – sublinhou que as mulheres da redacção ficaram desencorajadas perante a nova ordem dos talibãs.
“Trabalhar com uma máscara no rosto é irritante. Quando o faço, sinto que estou a ser agarrado pela garganta. Mal consigo falar”, disse aquele profissional.
Assim, o jornalista garantiu que continuará a manifestar-se, juntamente com outros colegas.
Maio 22
Entre 1996 e 2001, período em que os talibãs estiveram no poder antes da intervenção norte-americana, os profissionais dos “media” foram alvo de apertadas restrições, enquanto as mulheres estavam proibidas de receber uma educação, ou de participar em qualquer segmento da vida pública.
No entanto, durante a presença das tropas norte-americanas no território, o sector mediático no Afeganistão chegou a ser considerado como um caso de sucesso, registando progressos a nível da liberdade de imprensa.
Contudo, com o regresso dos talibãs, a indústria parece ter entrado em “queda livre”. Dezenas de jornalistas abandonaram o país, temendo perseguições, enquanto várias mulheres foram forçadas a deixar de exercer a sua actividade.
Perante este cenário, o Afeganistão desceu várias posições no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras, passando de 122º lugar, em 2021, para 156º entre 180 países.
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