Jornalista pioneira na análise dos malefícios das redes sociais
O modelo de negócio dos “media” e a negociação dos direitos conexos têm sido alguns dos temas mais falados na indústria jornalística, já que algumas empresas iniciaram negociações com plataformas tecnológicas, a fim de obterem remuneração pela utilização dos seus conteúdos em agregadores de notícias.
Apesar de este tópico só ter começado a ser debatido, extensivamente, nos últimos dois anos, a jornalista Emily Bell já havia manifestado a sua preocupação, em 2016, perante as ferramentas de partilha de conteúdos adoptadas pelo Facebook.
Assim, num artigo publicado em Março de 2016 na “Columbia Journalism Review”, Bell considerou que o Facebook representava “o fim do jornalismo como o conhecemos”, pelo que os “publishers” deveriam pensar em alternativas, de forma a garantir a sustentabilidade dos seus títulos.
A reprodução desta peça no “site” da “CJR” integra um projecto de celebração do 60º aniversário desta publicação que, como forma de assinalar a efeméride, decidiu partilhar alguns dos seus artigos mais emblemáticos, como é o caso.
Bell começou por destacar que as redes sociais tinham conseguido agregar diversos sistemas nas suas plataformas. Assim, tanto o jornalismo, como as campanhas eleitorais, as histórias pessoais e a indústria do entretenimento, começavam a depender da exposição que recebiam nestes “sites”.
Se, por um lado, estas plataformas permitiam que os jornalistas alcançassem um maior número de leitores, por outro lado, retiravam poder de decisão aos “publishers”, no que diz respeito à distribuição dos conteúdos, assinalou Bell.
Além disso, continuou Bell, a agregação de diversos sistemas nestes “sites” aumentava o poder das respectivas redes sociais, uma vez que se estabelecia uma relação de dependência, e que estas empresas conseguiam lucrar através dos produtos e dos conteúdos de outros negócios.
Dezembro 21
Ademais, à época, as redes sociais não pareciam ter interesse em favorecer a sustentabilidade da indústria jornalística, uma vez que não tinham qualquer acordo de remuneração de conteúdos.
Aliás, em 2016, a Apple havia introduzido uma ferramenta para bloquear anúncios no seu agregador de notícias, privando os jornais de receberem receitas publicitárias.
Assim, Bell sugeriu que os “publishers” optassem por uma de três alternativas, com o objectivo de assegurar o futuro do seu negócio.
A primeira passava pelo estabelecimento de acordos com novas plataformas, onde as ferramentas de bloqueio publicitário não funcionassem.
A segunda consistia em aceitar que as redes sociais prejudicavam o negócio e adoptar, neste sentido, um novo modelo de negócio, que fosse, ainda assim, compatível com a era digital.
Na terceira sugestão, Bell afirmou que as publicações jornalísticas deveriam apostar em novas formas de publicidade, que não fossem detectadas por “ad blockers”, tais como artigos de conteúdo patrocinado.
Por outro lado, Bell considerou que, mais importante do que pensar sobre os modelos de negócio adoptados, seria reflectir sobre a qualidade dos conteúdos jornalísticos produzidos, bem como a sua relevância para o público.
Assim, a autora apelou à regulação governamental, no sentido de garantir a pluralidade noticiosa, pedindo, também, aos jornalistas que ponderassem sobre o tipo de ecossistema mediático mais desejável para o futuro.
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